domingo, 28 de fevereiro de 2016

MULHERES DE AREIA (BASTIDORES)


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Qual o segredo de uma boa novela? Personagens fortes, tramas instigantes, cenários deslumbrantes e, claro, a performance de atores afinados à direção. Em outras palavras podemos dizer que tudo isto pode ser resumido a um exemplo claro: "Mulheres de Areia" – a história de Ivani Ribeiro, com a colaboração de Solange Castro Neves, resgatou para o horário das 18h da Globo, índices de Ibope dignos do horário nobre e um elenco de primeiríssima grandeza.

Eva Wilma (Ruth e Raquel) e Carlos Zara (Marcos) na primeira versão de "Mulheres de Areia"
Na primeira versão de "Mulheres de Areia", estrelada por Eva Wilma e Carlos Zara, produzida e exibida pela Tupi em 1973, Ivani Ribeiro baseou-se em uma antiga radionovela de sua autoria, "As Noivas Morrem no Mar", de 1965, que por sua vez, foi inspirada no filme americano "Uma Vida Roubada", de Curtis Bernhardt, com Bette Davis (no papel das gêmeas Kate e Pat) e Glenn Ford como Bill.

Theresa Amayo (Tônia) e Jardel Filho (Rafael Nascimento) em "O Espantalho"
Para escrever a nova versão de "Mulheres de Areia", a autora Ivani Ribeiro e sua colaboradora, Solange Castro Neves, basearam-se em duas novelas: a primeira versão da trama, exibida pela TV Tupi, em 1973, e "O Espantalho", que assinou na TV Record, em 1977.

Naquele ano de 1993, antes da nova versão de "Mulheres de Areia" estrear, a grande expectativa da imprensa e crítica era em relação à junção da novela título com "O Espantalho". Como seria duas novelas em uma? Claro que, nas mãos de Ivani Ribeiro, tudo era sucesso garantido.

Como uma verdadeira mestra em fabricar histórias, Ivani Ribeiro pegou a trama principal de "O Espantalho" – que trazia Fábio Cardoso vivendo o prefeito Breno, Jardel Filho vivendo o vilão Rafael Nascimento (personagem que corresponde a Virgilio Assunção vivido por Claudio Correa e Castro na versão de 1973 e por Raul Cortês na versão de 1993) e Tônia, vivida por Thereza Amayo – e a uniu a outras tramas de "Mulheres de Areia", nascendo assim, a nova versão de "Mulheres de Areia".

Para entender melhor, o núcleo que conta a história da interdição das praias e o duelo entre o prefeito e o vice, além das alucinações do espantalho, fizeram parte da trama de "O Espantalho" em 1977 e não estava na primeira versão de "Mulheres de Areia", em 1973. Ou seja, na verdade, o telespectador ganhou duas excelentes novelas, em uma!

Mas, como sempre, arrumam críticas para tudo nesta vida, em relação à junção das novelas, ainda chegaram a comentar: Como os turistas e a população de Pontal D'Areia não podiam se banhar nas praias poluídas, enquanto os pescadores trabalhavam livremente? A autora Solange Castro Neves justificou que, os pescadores trabalhavam em alto mar, portanto, a poluição era quase nula, além da interdição das praias não implicarem na poluição de toda orla. Foi clara até demais!

"Mulheres de Areia" estava prevista para estrear em junho de 1992, após "Felicidade (1991)". No entanto, a gravidez de Gloria Pires – que esperava Antônia – adiou o lançamento da novela. Em seu lugar, entrou no ar "Despedida de Solteiro (1992)", escrita a pressa por Walther Negrão.

Inicialmente, Ivani Ribeiro não demonstrava muito interesse em fazer um remake de "Mulheres de Areia". A novela chegou a ser cotada para ser produzida em 1991. Foi sugerida a atriz Maria Padilha para viver as gêmeas Ruth e Raquel, mas a autora só demonstrava interesse por Glória Pires como protagonista. Até que chegaram à conclusão que "O Espantalho" tinha características de sobra para uma fusão com "Mulheres de Areia". Quando, finalmente, Ivani Ribeiro concordou em escrever, a produção teve que ser adiada por causa da gravidez de Glória Pires. Manuel Carlos teve que esticar, em 50 capítulos, sua novela Felicidade (1991/92) e Walther Negrão teve que apressar Despedida de Solteiro (1992/93) para suceder Felicidade. Glória Pires ainda pensava em recusar o papel, mas foi convencida por Paulo Ubiratan. Outras atrizes cotadas para viver as gêmeas Ruth e Raquel foram Claudia Abreu, Malu Mader e Carolina Ferraz. Gloria Pires aceitou os papeis, na condição de levar a filha, Antonia, para amamentar. Enfim, em fevereiro de 1993, estreava Mulheres de Areia.

Glória Pires viveu, divinamente, as gêmeas protagonistas Ruth e Raquel. Foi, sem sombra de dúvida, a grande sensação de uma novela repleta de feras, personagens muito bem definidos e direção impecável. Eva Wilma, que foi intérprete das personagens na versão da Tupi em 1973, também elogiou a atuação de Glória Pires.

A atriz Eva Wilma viveu as protagonistas Ruth e Raquel na primeira versão de "Mulheres de Areia", produzida e exibida no horário nobre da Rede Tupi de Televisão, em 1973.

Gloria Pires criou o perfil doce de Ruth a partir da atuação de Eva Marie Saint, no papel de Edie Doyle, em Sindicato de Ladrões (1954), do diretor Elia Kazan.

Segundo fontes, na época de "Mulheres de Areia", Glória Pires tinha um salário em torno de 300 milhões de cruzeiros mensais (que vale, aproximadamente 109,0909090909 Reais, para mais ou para menos).

Glória Pires com a família e a direção da novela durante viagem à Nova York
Quando viajou à Nova York, para gravar cenas da lua de mel de Raquel e Marcos (Guilherme Winter), Glória Pires voltou a surpreender os colegas. Além de viver duas personagens numa mesma novela, a atriz conseguiu desempenhar, com sucesso, o papel de supermãe, já que levou a tiracolo as filhas Cléo Pires e Antônia, crianças na época. O músico Orlando Moraes, marido de Glória Pires, junto com uma babá, e Antônio Padilha, o secretário particular da atriz, deram uma força extra nessa performance.

Por incrível que pareça, o primeiro atentado ao World Trade Center, ocorrido em 26 de fevereiro de 1993, aconteceu, justamente, um dia após Glória Pires e a equipe de "Mulheres de Areia" deixar Nova York e voltar pro Brasil. No atentado, um carro-bomba foi detonado por terroristas árabes islâmicos no parque de estacionamento subterrâneo por baixo da Torre um do World Trade Center na cidade de Nova Iorque.

Vivianne Pasmanter foi uma das grandes atrações de "Mulheres de Areia". A sua personagem, a rebelde Malu, conquistou o público de imediato, ditou moda e costumes, influenciou uma geração e se tornou inesquecível para os que viveram aquele ano de 1993.

A química entre Vivianne Pasmanter e Humberto Martins foi perfeita, respectivamente como Malu e Alaor. Tanto, que em 2000/01 os atores voltaram a viver novo par romântico na TV, através da novela "Uga Uga" de Carlos Lombardi. Entre 2015/16 novamente eles vivem par romântico, em "Totalmente Demais", novela de Rosane Svartman e Paulo Halm.

A atriz Maria Isabel de Lizandra viveu Malu e Antônio Fagundes viveu Alaor na primeira versão de "Mulheres de Areia", produzida e exibida no horário nobre da Rede Tupi de Televisão, em 1973.

Gloria pires, além do esforço de decorar textos de Ruth, Raquel, de Ruth se passando por Raquel e Raquel se passando por Ruth, ainda sofreu com sessões de maquiagem que a transformaram na gêmea má, logo após o naufrágio.

A maquiadora Izabel Arbizu, responsável pela aparência sofrida e esfolada da personagem, usou no rosto da atriz muita ola americana e bases de diversos tons que, devidamente sobrepostas, passaram a impressão que Raquel sofreu queimaduras.

Além da elogiada atuação de Gloria Pires, que deu vida a duas personagens inteiramente distintas, mas igualmente fortes, o personagem de Marcos Frota também se destacou na trama.

Tonho da Lua cativou o público e garantiu momentos emocionantes à história.

O ator Gianfrancesco Guarnieri viveu Tonho da Lua na primeira versão de "Mulheres de Areia", produzida e exibida no horário nobre da Rede Tupi de Televisão, em 1973.

A atriz Ana Rosa viveu Alzira na primeira versão de "Mulheres de Areia", produzida e exibida no horário nobre da Rede Tupi de Televisão, em 1973.

Marcos Frota dispensou o dublê para a cena que Da Lua é jogado das pedras por Raquel (Glória Pires). Os takes, que fizeram parte do capítulo 51, que foi ao ar em 30 de março de 1993, foram gravados em dois momentos: primeiro, Glória Pires na pele de Raquel, e Frota, na de Tonho da Lua, discutem no alto de uma pedra. Depois, numa pedra mais baixa (mais que graças aos truques da câmera não denunciaram a mudança de cenário), Glória Pires empurra Marcos Frota, que cai totalmente ensanguentado.

Eduardo Moscovis, Ângelo Antônio e Irving São Paulo, fizeram testes, juntamente com Marcos Frota, para viver o personagem Tonho da Lua. Dos quatro atores, apenas Ângelo Antônio não fez parte da trama. A ideia de Ângelo Antônio viver Da Lua, partiu da sua atuação em Pantanal (1990), onde atuou ao lado de Giovanna Gold, a Alzira que era apaixonada pelo personagem em "Mulheres de Areia".

José Wilker e Cécil Thiré foram cotados para viver o vilão Virgílio Assunção, papel que foi parar, magistralmente, nas mãos do saudoso Raul Cortês. ". Era hilário as expressões de maldade e deboche que o ator usou para compor o vilão.

"Mulheres de Areia" também marcou o reencontro de Raul Cortês e Glória Pires em novelas. O primeiro encontro foi na novela "Água Viva" de Gilberto Braga, em 1980, onde viveram Miguel Fragonard e Sandra, pai e filha, respectivamente. O segundo encontro foi na novela "Partido Alto" de Aguinaldo Silva e Glória Perez em 1984, onde voltaram a viver pai e filha (Célio Cruz e Celina).

As cenas de brigas, provocações e deboches entre Raquel (Glória Pires) e Virgílio Assunção (Raul Cortês) em "Mulheres de Areia", são perfeita e antológicas.

Em 1996, Raul Cortês e Glória Pires voltaram a contracenar juntos através de "O Rei do Gado", novela de Benedito Ruy Barbosa e onde viveram os inesquecíveis Geremias Berdinazzi e Rafaela Berdinazzi / Marieta Berdinazzi. Mais uma vez, suas personagens tinha parentesco.

Em dezembro de 2004, Raul Cortez foi operado para a remoção de um tumor na região do pâncreas e do intestino delgado, seguindo-se um tratamento quimioterápico. Em 30 de junho de 2006, foi novamente internado, falecendo no dia 18 de julho.

O ator Carlos Zara, que deu vida a Zé Pedro, pai de Tônia (Andréa Beltrão), viveu Marcos Assunção na primeira versão de "Mulheres de Areia", produzida e exibida no horário nobre da Rede Tupi de Televisão, em 1973.

A cena aconteceu no início de "Mulheres de Areia". Não foi ao ar... mesmo assim, emocionou a todo mundo. Através de Carlos Zara e Guilherme Fontes, intérpretes de Marcos Assunção em épocas totalmente distintas, passado e presente (na época) se encontraram. Naquela oportunidade, Carlos Zara não conseguiu conter as lagrimas. Abraçou Guilherme Fontes e aproveitou para transmitir tudo o que sabia do folhetim.

"– Essa novela é um clássico... Seu grande mérito está na simplicidade e na pureza da trama criada por Ivani Ribeiro. Essa sabe manipular as emoções primárias como ninguém." – Carlos Zara, na época da estreia de "Mulheres de Areia".

"Mulheres de Areia" apresentou os então, iniciantes, Gabriela Alves (Glorinha), Karina Perez (Andréa), Cibele Larrama (Luzia), Maurício Ferrazza (Vasco) e Toi Bressane (Rozendo). Lembrando que, Gabriela Alves, fez uma participação nos primeiros capítulos de "Despedida de Solteiro", novela que antecedeu "Mulheres de Areia" e quando era criança, viveu o papel-título do episódio "O Anjinho da Asa Quebrada" na versão dos anos de 1980 do "Sítio do Picapau Amarelo".

A beleza brejeira de Gabriela Alves, vivendo a Glorinha em "Mulheres de Areia", deixou Francis Ford Coppola (diretor do clássico Drácula) entusiasmadíssimo. Depois de se esbaldar no carnaval carioca naquele ano de 1993, ele voltou aos Estados Unidos falando maravilhas da atriz.

O diretor Ignácio Coqueiro viveu Gilberto, namorado de Malu (Vivianne Pasmanter), que se suicidou e aparecia em cenas de flashback.

Luciano Vianna foi um dos campeões de cartas na época de "Mulheres de Areia". Ele viveu Otavinho, fotógrafo jornalista e amigo de Malu (Vivianne Pasmanter).

Ivani Ribeiro não teria gostado dos exageros de "cacos" que Evandro Mesquita usou para interpretar Joel, a grande paixão de Tônia (Andrea Beltrão). "Cacos" são conhecidos por falas inexistentes no texto original, mas que o ator introduz no desenrolar da cena. A autora, então decidiu afastar o personagem da novela. Para justificar a saída de Joel, Ivani o fez fugir por causa de uma dívida do restaurante Estrela do Mar. Em seu lugar, chegava Vitor (Oscar Magrini), primo de Joel e uma paixão de infância de Tônia. Joel saiu da novela no capítulo 64. As autoras pensaram no retorno do personagem, mas acabou não acontecendo.

Houve varias críticas de pais de santo à novela de Ivani Ribeiro e Solange Castro Neves, em relação à devoção de Donato (Paulo Goulart), pelo orixá Iemanjá. Os espíritas não aceitaram que um personagem de má índole como Donato, que destilava ódio e vingança, além de fazer intrigas, representasse Iemanjá. Para resolver as críticas, Solange Castro Neves se explicou através de uma entrevista e escreveu uma cena que as guias de Donato eram partidas por Iemanjá, que não o queria como filho.

O casal Nicette Bruno e Paulo Goulart, respectivamente Juju Sampaio e o vilão Donato de "Mulheres de Areia", aproveitava os intervalos das gravações para namorar.

Para viver o personagem Marujo – que não tinha um braço porque o tubarão comeu – o ator Ricardo Blat colocava o braço para trás, pressionada por uma cinta. Mas não podia passar mais que 20 minutos gravando, para não ficar com dormência e formigamentos. A decisão veio através de ordens médicas. Antes de começar a gravar, o ator também fazia alongamento muscular.

Sempre que as "Mulheres de Areia" Ruth e Raquel apareciam de costas, lá estava Graziela Di Laurentis. A atriz foi dublê de Glória Pires na maioria das cenas que não exploraram muito o Chroma key. Na época, Graziela deixou o cabelo crescer com o mesmo comprimento, cor e textura como o de Glória Pires. Mas quem não sabe, Graziela Di Laurenti ainda fez parte de outras novelas de Ivani Ribeiro, só que atuando. Em 1984, a atriz viveu Dóris em "Amor com Amor se paga" e entre 1989/90, viveu Baby em "O Sexo dos Anjos". Sem contar com outras novelas de outros autores.

Wolf Maya, diretor de "Mulheres de Areia", ainda atuou vivendo o advogado Otacílio Galvão, que defendeu Ruth (Glória Pires), quando ela foi acusada de matar Vanderlei (Paulo Betti). Através do grande sucesso da novela, Wolf Maya foi chamado para dirigir outro sucesso de Ivani Ribeiro: "A Viagem", no ano seguinte. Ele já havia dirigido duas novelas da autora: Final Feliz (1982/83) e Hipertensão (1986/87).

As cenas externas da novela foram gravadas em três lugares do Rio de Janeiro: na cidade cenográfica de Jacarepaguá, na Zona Oeste; em Angra dos Reis, na Costa Verde; e em Tarituba, no litoral sul fluminense.

A cidade cenográfica de Mulheres de Areia foi inserida por newsmate – recurso que permite o recorte de imagens gravadas sobre o chromakey (processo eletrônico através do qual a imagem captada por uma câmera pode ser inserida sobre outra, como se compusessem fundo e primeiro plano) – sobre a imagem da praia de Angra dos Reis, com a fachada do hotel usado como locação. Essa tecnologia favoreceu a ideia de continuidade nas gravações. Foram criados 170 ambientes para os cenários de estúdio.

Para filmar as cenas em que as gêmeas atuavam juntas, o diretor Carlos Magalhães pesquisou a técnica da duplicação de imagem. Inicialmente foi empregado apenas o Ultimatte, equipamento que permite utilizar a técnica de chromakey e na qual o fundo azul é substituído por outra imagem. A inovação foi a junção dessa técnica ao Memory Head, um cabeçote de memória do computador que guarda o movimento de câmera e o reproduz no momento de se utilizar o chromakey. A finalização é feita na edição. Dessa forma, era possível produzir as cenas sem que a câmera precisasse ficar travada, o que não ocorria antes. Nas cenas em que uma das gêmeas aparecia de costas, a produção usava a atriz Graziela Di Laurentis como dublê. Wolf Maya destaca a cena em que gravou as duas personagens brigando, em que uma sacudia a outra. Segundo ele, foi um desafio associar dramaturgia com o fascínio dos truques tecnológicos.

Além dos sofisticados recursos tecnológicos, o diretor Wolf Maya destaca o profissionalismo da atriz Gloria Pires, essencial para a realização das cenas em que as duas irmãs contracenavam. Segundo o diretor, a própria atriz fazia a continuidade de suas personagens e sabia exatamente onde estava com a mão ou de que forma havia mexido nos cabelos durante a cena. Além disso, a equipe técnica marcava nas paredes do cenário, com fita crepe, o lugar exato para onde a atriz devia olhar.

O figurino dos pescadores ganhou um tratamento especial. As roupas eram novas e passavam por um processo de envelhecimento para parecerem surradas. O jeans, com uma boa modelagem e um bom algodão, era lixado na pedra e recebia tinta. Tudo feito à mão.

Ruth e Raquel, ambas interpretadas por Gloria Pires, tinham estilos diferentes. Ruth usava longuetes de viscose, com estampa de florzinhas, bem à moda praiana. Raquel ousava no figurino, era uma consumista: usava roupas de perua emergente, mais para o vermelho, roupas extravagantes e joias chamativas. Quanto ao cabelo, apesar de ter a mesma cor e o mesmo tamanho, havia diferenças. Foi feita uma mecha no cabelo de Gloria Pires. Esse detalhe só aparecia quando a atriz atuava como Ruth, pois a personagem usava o cabelo dividido ao meio. Raquel preferia o cabelo mais solto, mais de lado, mais provocante, o que não permitia que a mecha aparecesse.

A atriz Mônica Carvalho estreou na TV como modelo da abertura de "Mulheres de Areia". A estreia profissional viria só em 1993, na peça O Brasil de Cuecas. Nesse mesmo ano se destacou participando da abertura da novela, atuou em um episódio da série Confissões de Adolescente na TV Cultura. Em 1994, passou pela Oficina de Atores da Globo e teve uma participação especial na novela Quatro por Quatro, como namorada do jogador Renato Gaúcho. Ainda na Rede Globo atuou nas novelas História de Amor, Chocolate com Pimenta, entre outras, fez ainda duas personagens em Malhação, além de episódio da série A Vida Como Ela É..., exibido no Fantástico e o programa Você Decide. Aatingiu enorme sucesso em 2001 como Maria do Socorro (Socorrinho) de Porto dos Milagres.

Quando perguntaram a opinião de Mônica Carvalho, o que ela achou sobre as alterações que a abertura sofreu na reprise de 2011, ela respondeu: "Não mudou quase nada. Sabia que ia ter a alteração e se modificaram tinha motivo, para não chamar tanta atenção, já que é um horário que crianças estão em casa. Mas foi muito de leve, achei que iam desfocar um pouco mais, colocar um pouco mais de areia", disse a atriz à revista QUEM.

Suzana Abranches viveu Mariah, um dos amigos rebeldes da turma de Malu (Vivianne Pasmanter). Para quem não sabe, a atriz viveu Emília na série Sítio do Picapau Amarelo entre 1983 e 1986. Foi a última atriz a viver Emília na temporada da série durante aos anos de 1970 e 1980. Foi Suzana Abranches quem substituiu Renny de Oliveira no papel da boneca falante. A atriz também tem uma vasta carreira artística no teatro e na TV

"Mulheres de Areia" ainda teve célebres participações especiais:

Nathalia Timberg viveu a juíza que julgou o caso do assassinato de Vanderlei (Paulo Betti). Claudio Cavalcanti viveu o advogado de acusação.

Ingrid Guimarães e Claudia Borioni viveram empregadas contratadas por Malu (Vivianne Pasmanter), mas que não passaram mais que um dia no emprego, por conta das armações de Alaor (Humberto Martins).

O saudoso Paulo Gracindo viveu o padre que celebrou o casamento de Carola (Alexandra Marzo) e Zé Luiz (Irving São Paulo). "Mulheres de Areia" marcou a última aparição de Paulo Gracindo numa novela. Seu último trabalho na TV foi no mesmo ano, através da minissérie "Agosto".

Vale lembrar também que Paulo Gracindo atuou em outra novela de Ivani Ribeiro na Globo. Ele viveu Candinho em "Hipertenção (1986/87)", novela que dividiu o posto de protagonista com Ary Fontoura (Romeu), Claudio Corrêa e Castro (Napoleão) e Maria Zilda (Carina).

Paulo Gracindo morreu, aos 84 anos, no dia 4 de setembro de 1995, dois anos após a exibição de "Mulheres de Areia". Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

Tanto na primeira versão em 1973, como na última em 1993, Serafim Gonzalez foi o responsável pelas esculturas de areia feitas por Da Lua, na ficção. Com a ajuda do filho, Daniel, Serafim chegava muito antes de começarem as gravações, para fazer as esculturas na areia. Além de trabalhar na produção, ele também viveu o personagem Alemão na primeira versão e Garnizé na última versão. Serafim Gonzalez morreu no dia 29 de abril de 2007.

O banho de mar que Raquel toma, logo na primeira cena de "Mulheres de Areia", não foi com Glória Pires. Quem gravou a cena foi uma dublê chamada Márcia Romão. A dublê também gravou a cena que o barco virava com Ruth e Raquel, ao lado de outra dublê, Denise Só. Esta cena foi bem mais elaborada, precisando de lanchas e helicópteros para criar ondas que fizessem o barco virar.

A atriz Dayse Tenório chegou a gravar algumas cenas como Alice, governanta de Clarita (Susana Vieira). Mas uma fatalidade não a deixou prosseguir. A atriz morreu vítima de um acidente automobilístico em janeiro de 1993. Dayse Tenório, além de outros trabalhos, também ficou conhecida através da novela "Barriga de Aluguel (1990/91)", onde viveu a personagem Regina.

A fictícia Pontal D’Areia serviu de cenário para a autora falar sobre a poluição ambiental. De um lado, estava o ambicioso Virgílio Assunção (Raul Cortez), dono do maior hotel da cidade. Seu maior desejo era transformar Pontal D’Areia em um centro turístico. Só que o prefeito ambientalista Breno (Daniel Dantas) estava do lado oposto. Ele chega a proibir o banho de mar na cidade, devido à poluição das águas, o que atrapalha os planos turísticos do empresário. Quando assume a prefeitura, Virgílio libera o banho de mar, movido por interesses econômicos, e uma epidemia se alastra pela cidade.

Através da história, foram veiculadas informações sobre doenças relacionadas à poluição das praias, como hepatite e cólera.

Em sua exibição original no horário das 18 horas que foi de 1º de fevereiro a 25 de setembro de 1993, "Mulheres de Areia" obteve média geral de 50 pontos, excelente para o horário, que na época exigia apenas 35 pontos. Estreou com uma média de 46 pontos, excelente para o horário. Seu último capítulo registrou incríveis 62 pontos. É a novela das 18 horas de maior audiência da Rede Globo no método atual do IBOPE.

"Mulheres de Areia" foi reexibida pelo Vale a Pena Ver de Novo de 25 de novembro de 1996 a 25 de abril de 1997, substituindo Meu Bem, Meu Male sendo substituída por A Viagem, em 110 capítulos. Teve uma segunda exibição entre 12 de setembro de 2011 a 9 de março de 2012, substituindo O Clone e sendo substituída por Chocolate com Pimenta, em 129 capítulos. Durante a sua exibição, o capítulo de número 46, que iria ao ar em 14 de novembro de 2011, uma segunda-feira, não foi ao ar devido à transmissão do amistoso de futebol entre Brasil e Egito. Com isso, a reprise, que teria 130 capítulos, fechou com 129.

O canal Viva exibe "Mulheres de Areia", na íntegra, a partir de março de 2016, substituindo sua antecessora original Despedida de Solteiro, às 15h30.

Em agosto de 2011, a Globo teve que adequar a novela para a classificação 'L - Livre para todas as idades", Com isso a primeira adequação foi eliminar a nudez da abertura de Mulheres de Areia, usando recursos de computação para que os seios de Mônica Carvalho não aparecessem.

Abertura de "Mulheres de Areia" modificada para o "Vale a pena ver de novo" em 2011
Em outubro de 2011, a Globo foi notificada que a trama de Ivani Ribeiro apela para o assédio sexual, nudez sugestiva e apologia ao fumo e à bebida, além de conter cenas inadequadas para menores de dez anos. Com isso, a novela precisou sofrer mais cortes, evitando que cenas impróprias para o horário vespertino, fossem exibidas. Sendo assim, atendeu a classificação: "10 anos - Este programa contém cenas inadequadas para menores de dez anos".

Em junho de 2012, logo após o fim da segunda reprise, o MJ reclassificou a trama como inadequada para menores de doze anos, impossibilitando que a novela seja exibida antes das 20h, além de não poder mais ser reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. A não ser que a emissora se sinta a vontade em fazer diversos cortes que poderiam prejudicar a trama e deixa-la sem sentindo.

Prêmios:

APCA (1993)
Melhor Atriz - Glória Pires

Troféu Imprensa (1993)
Melhor Atriz - Glória Pires Prêmio

TV Press (1993)
Melhor Atriz - Glória Pires

Diversos países compraram Mulheres de Areia, entre os quais Grécia, Indonésia, Bélgica, Benin, Camarões, Canadá, Chile, Chipre, Coréia, Costa do Marfim, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Gabão, Grécia, Hungria, Indonésia, Israel, Líbano, Marrocos, Martinica, Peru, Polônia, Portugal, Rússia, Suíça, Turquia e Venezuela.

Há registros de que a novela fez tanto sucesso na Rússia que o governo exibiu o último capítulo no dia em que haveria eleições. A intenção era tentar evitar que a população viajasse no feriado e não comparecesse às urnas.

O lançamento de "Mulheres de Areia", em Portugal, naquele carnaval de 1994, fez com que Glória Pires passasse quatro dias no país, não participando da festa de Momo no Brasil. A atriz participou de programas da TV portuguesa falando sobre as personagens Ruth e Raquel. Glória Pires foi recebida como uma estrela e foi capa e matéria de diversas revistas lusitanas.

Fontes de algumas informações:
Duh Secco (Colunista do site do Canal Viva)
Rede Globo
Acervo Ivani Ribeiro


MULHERES DE AREIA (TRILHA SONORA)

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