domingo, 30 de março de 2014

HELENA (VAMOS RECORDAR)

“Helena” é uma novela de Gilberto Braga baseada no romance homônimo de Machado de Assis com direção de Herval Rossano. Foi produzida pela Rede Globo em preto-e-branco e exibida às 18h entre 5 de Maio a 30 de Maio de 1975 em 20 capítulos.





“Helena” foi protagonizada por Lúcia Alves, vivendo o papel-título. Osmar Prado foi o mocinho. 

Ambientada no Rio de Janeiro, em 1859; o ponto de partida da trama é a leitura do testamento do conselheiro Vale, que surpreende seu filho, Estácio (Osmar Prado), e a tia do rapaz, Úrsula (Ida Gomes). Parte da herança é deixada para Helena (Lúcia Alves), uma filha até então desconhecida e o conselheiro deseja ainda que a jovem seja acolhida pelos parentes.

A notícia da nova herdeira desagrada profundamente Úrsula, que toma conta da chácara da família no Andaraí e da educação de Estácio, desde que a esposa do conselheiro falecera. Ela vê em Helena uma intrusa e usurpadora. Dr. Camargo (Rogério Fróes) – médico de confiança da família e pai de Eugênia (Ângela Valério), noiva de Estácio – também acha que o amigo cometeu um erro. Mas Estácio, decidido a atender o pedido do pai, leva a moça para viver na chácara.

Helena tem um temperamento alegre e expansivo e sua chegada afeta a vida de todos. A principio é hostilizada por Úrsula, mas depois ganha a sua simpatia. A afeição de Estácio também aumenta a cada dia e, quando seu amigo Luiz Mendonça (José Augusto Branco) demonstra interesse em Helena, ele se dá conta de que está apaixonado pela moça. Embora ela corresponda ao sentimento, o rapaz sente-se culpado porque acredita que os dois são irmãos. O sofrimento de Estácio aumenta quando ele percebe o comportamento esquivo de Helena e descobre seus encontros furtivos com um homem chamado Salvador (Gilberto Sálvio). Desconfiado de que ela tem um amante, ele tenta desvendar o mistério com a ajuda do padre Melchior (Carlos Duval).

Úrsula (Ida Gomes) é uma mulher solteira, irmã do Conselheiro Vale, com quem sempre vivera. É responsável pela chácara da família, no Andaraí, e pela educação de Estácio (Osmar Prado), desde que a cunhada falecera. Severa em relação aos costumes, a princípio não gosta de Helena (Lúcia Alves), mas logo se rende aos encantos da moça.

Dr Camargo (Rogério Fróes) é um homem de poucas palavras, aparentemente frio, é um dos melhores amigos do Conselheiro Vale. Médico de confiança da família e pai de Eugênia (Ângela Valério), noiva de Estácio (Osmar Prado). Ele e o Padre Melchior (Carlos Duval) são encarregados pelo testamento do conselheiro.

Eugênia (Ângela Valério) é um jovem mimada, filha do Dr. Camargo (Rogério Fróes) e noiva de Estácio (Osmar Prado). Elegante, está sempre bem vestida. Seu mau-humor, no entanto, a torna uma pessoa desagradável, que se irrita facilmente diante de qualquer contrariedade.

Tomásia (Reginna Viana) é uma mulher recatada, mãe de Eugênia (Ângela Valério).

Luiz Mendonça (José Augusto Branco) é um jovem elegante, expansivo, recém-chegado da Europa, onde passara um tempo. Interessa-se por Helena (Lúcia Alves), despertando o ciúme de Estácio (Osmar Prado), seu amigo.

Padre Melchior (Carlos Duval) é um homem austero, porém sem formalismo, sociável e tolerante. Mentor espiritual e grande amigo da família Vale. Ele e Dr. Camargo (Rogério Fróes) são nomeados testamenteiros do Conselheiro Vale e têm a missão de fazer cumprir suas últimas vontades.

Madalena (Ruth de Souza) é uma antiga escrava da chácara da família Vale, a mais respeitada entre os empregados da casa. Afilhada de Úrsula (Ida Gomes).

Vicente (Sidney Marques) é um jovem escravo, criado pela família Vale e muito estimado pelo conselheiro desde pequeno. Apesar de remotas as chances de liberdade, estabeleceu uma ligação afetiva com todos da casa. Torna-se o grande companheiro de Helena (Lúcia Alves) após a chegada da moça à chácara do Andaraí.

Na verdade, Helena sabe que não é a filha legítima do conselheiro. No final, confrontada com as suspeitas e os ciúmes de Estácio, ela revela que Salvador é o seu verdadeiro pai. O conselheiro Vale havia sido amante da sua mãe, a quem prometera cuidar da educação e da felicidade de Helena. Estácio perdoa a moça e declara seu desejo de ficar com ela, mas Helena morre, vítima de uma febre nervosa.

Helena inaugurou o horário das 18h para a adaptação de clássicos da literatura brasileira. Antes disso, a emissora já havia exibido no horário Meu Pedacinho de Chão (1971), Bicho do Mato(1972) e A Patota (1972). “Helena” também inaugurou as novelas com capítulos diários, exibida às seis da noite da Globo, ao contrário de “Pluft o fantasminha, sua antecessora.

Com apenas 20 capítulos, a novela contou com uma narração inicial que fazia uma retrospectiva dos acontecimentos a fim de enfatizar a história principal.

Lúcia Alves viveu sua primeira protagonista. Na época, antes da estreia, a atriz falou sobre sua personagem:

“E isso é muito importante para mim. Além da projeção vou ter oportunidade de interpretar um belo texto e uma grande história. Gosto demais de Machado de Assis, pois sua obra traz a mais bonita das mensagens, o amor.”

Osmar Prado retornava às novelas, depois de três anos vivendo o personagem Junior, um dos filhos de Nêne (Heloisa Mafalda) na primeira versão do seriado “A Grande Família”.

Herval Rossano estava vivendo o personagem Fausto, na novela “Cuca Legal”, quando dirigiu paralelamente “Helena”. Na época, Rossano também dirigiu “O Noviço”, a novela que sucedeu “Helena”, alguns dias depois. Apesar da sobrecarga de trabalho, o ator e diretor nunca perdeu a tranquilidade.

Herval Rossano conta que havia poucos recursos para dirigir naquela época, e a produção dependia às vezes do jogo de cintura da equipe. Para gravar uma cena simples em que Lúcia Alves aparecia andando a cavalo, por exemplo, o diretor precisou pedir emprestada uma câmera de um caminhão de externas de outra produção. Foram gravadas algumas externas em fazendas, pastos e matas de Palmares (Santa Cruz).

O crítico R. Magalhães Júnior falou na época:

“Helena, como obra literária, é talvez a mais fraca, entre os romances de Machado de Assis. É um mero folhetim romântico, com uma intriga complicada e pouco verossímil. Está muito longe dos romances que ele escreveu na maturidade. Traz ainda os cacoetes do romantismo e reflete a admiração em que ele tinha a obra de José de Alencar e de alguns autores franceses, como Octave Feuillet, cuja popularidade no Brasil foi muito grande, através de romances e pessoas de teatro. Acho que Helena, sendo um folhetim romântico, pode dar uma novela de televisão, mas acredito que só teria validade se procurasse reconstituir o Rio de Janeiro da década de 1870, com suas ruas acanhadas, suas carruagens tiradas por cavalos, seus ônibus e bondes de tração animal, em suma, tal qual era na época que Machado de Assis situou a sua intriga. Seria absurdo apresentá-la doutro modo, pois se tornaria ainda mais inverossímil do que no livro. Vi uma tentativa de adaptação moderna de Senhora, de José de Alencar, há dois anos, por uma televisão paulista, e nada funcionava, porque um assunto intrinsecamente do século passado não pode ser adaptado à época das minissaias e das motocas. O resultado foi algo abominável, num desperdício de tempo, de dinheiro e de excelentes artistas, inteiramente perdidos numa história anacrônica e tola, se considerada na perspectiva de hoje.”

A novela, gravada em 12 dias, estreou com todos os capítulos finalizados. As cenas externas foram realizadas na Fazenda Palmares, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.

Os cenários e figurinos foram criados por Arlindo Rodrigues a partir de uma minuciosa pesquisa sobre o Rio de Janeiro do século XIX.

Apesar de ser a primeira novela diária às seis da noite da Globo – dando início às novelas das seis até hoje – Helena teve apenas 20 capítulos, passando um mês no ar. A novela também foi gravada em preto e branco, apesar da Globo já ter gravado algumas novelas em colorido, como O Bem Amado (1973), Gabriela (1975), Pecado Capital (1975), entre outras.

“Helena” foi reapresentada entre fevereiro e abril de 1976. Esta não foi a primeiro versão do clássico de Machado de Assis para à TV. Em 1952, Manoel Carlos realizou a primeira adaptação, produzida e exibida pela TV Paulista e estrelada por Jane Batista e Paulo Goulart. Aos mais tarde, em 1987, Mário Prata também adaptou a novela para TV Manchete, que foi estrelada por Luciana Braga e Thales Pan Chacon. Nesta última versão, a direção foi de Denise Saraceni e Luiz Fernando Carvalho.

A trilha sonora – não conmercializada – foi feita a partir de pesquisa dos maestros Julio Medaglia e Paulo Ribeiro sobre as músicas da época em que é ambientada a trama.

Uma novela de Gilberto Braga
Baseada na obra homônima de Machado de Assis
Direção de Herval Rossano

Elenco:
Ângela Valério – Eugênia
Carlos Duval – Padre Melchior
Gilberto Sálvio – Salvador
Ida Gomes – Úrsula
José Augusto Branco – Luiz Mendonça
Lúcia Alves – Helena
Osmar Prado – Estácio
Reginna Viana – Tomásia
Rogério Fróes – Dr. Camargo
Ruth de Souza – Madalena
Sidney Marques – Vicente
Vanda Mattos – escrava jovem
Vicente Cosmo – moleque

Produção: Almeida Santos
Assistente de produção: Geraldo Iglésia
Direção de imagem: Marco Aurélio Bagno
Edição: Beto Mariano
Sonoplastia: Paulo Ribeiro
Cenários: Arlindo Rodrigues
Figurinos: Arlindo Rodrigues
Maquiagem: Eric Rzepecki


Fontes:
ARQUIVO MUNDO NOVELAS
Rede Globo
Wikiopédia

Um comentário :

Unknown disse...

Com certeza a Globo ganharia ,uma grande audiência c essa novela agora ..Elena