JOSÉ CARLOS SANCHES (ARTISTA)

José Carlos Sanches é o entrevistado da coluna ARTISTA. Mais uma grande entrevista exclusiva do MUNDO NOVELAS. O ator de longa carreira, participou de importantes e inesquecíveis obras de nossa teledramaturgia e imortalizou personagens marcantes como o vilão Balesteros, um soldado da guarda real da rainha Valentine (Tereza Raquel) em “Que Rei Sou Eu?”. A novela de Cassiano Gabus Mendes foi um estrondoso sucesso em 1989, se tornou mais um clássico das telenovelas brasileiras e está sendo reprisada pelo canal a cabo Viva. Outro personagem marcante de José Carlos Sanches foi o piloto Fausto, que se aliava a vilã Branca (Susana Vieira) em “Por Amor (1997/98)” de Manoel Carlos. José Carlos Sanches já soma mais de 30 trabalhos na TV. No teatro participou de inúmeros espetáculos, como “Blue Jeans” com direção de Wolf Maya e “Rapunzel” um clássico infantil que foi adaptada por Walcyr Carrasco. No cinema atuou nos filmes “Trapalhões” e “Sonho de Valsa”.

Convido a todos para embarcar no universo de José Carlos Sanches:

MUNDO NOVELAS: Você estreou na TV, precisamente na Rede Globo, através de “Água Viva”, uma novela de Gilberto Braga e Manoel Carlos em 1980. Como foi estrear num texto de dois autores que já era uma sumidade naquela época? Como foi seu personagem?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Quando eu comecei não tinha a dimensão da importância dos autores. Comecei com um convite da Guta, produtora de elenco na época, para uma participação e a personagem foi até o final da novela.

Fiz o Lúcio , gerente da loja da personagem da Bety Faria. Foi uma experiência gratificante que abriu as portas para outros trabalhos , embora eu tenha começado na publicidade e depois o teatro.

MUNDO NOVELAS: Em 1984, você viveu o personagem Edu, na novela “Amor com Amor Se paga” de Ivani Ribeiro. Como foi a experiência de atuar numa novela da saudosa autora?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Foi excelente e eu já estava com mais experiência, pois já havia feito outras participações na TV. Quando você começa na TV percebe-se que tudo é imediato, corrido, pela própria indústria da TV e isso pode assustar um pouco no começo.

MUNDO NOVELAS: Balesteros foi um soldado da guarda real em “Que Rei Sou Eu? (1989)”; novela do saudoso Cassiano Gabus Mendes. É verdade que o personagem seria apenas uma participação em alguns capítulos? Como você explica a permanência do personagem até o fim da novela?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Verdade, no início o Balesteros seria apenas um apoio e acabou tendo uma dimensão muito grande na trama da novela, acredito que pelo meu trabalho, e o autor ter gostado do meu desempenho.

Novela é uma obra aberta e o ator acaba sendo coautor da novela, quando acontece uma sintonia entre o ator a personagem e o autor.

O personagem Balesteros da novela “Que Rei Sou Eu?” rendeu grande sucesso para o ator. Na foto vemos José Carlos Sanches ao lado de Antônio Abujanra (o bruxo Ravengar) no intervalo das gravações.

MUNDO NOVELAS: “Que Rei Sou Eu?” foi uma novela que revolucionou a teledramaturgia brasileira. A novela está de volta pelo canal Viva. Você assiste a reprise? Como foi trabalhar numa obra de grande repercussão?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Nem sempre assisto, sou muito exigente e crítico com o meu trabalho, procuro dar o melhor de mim. Essa novela foi um marco para a teledramaturgia brasileira e foi um presente e sou muito grato de ter participado dessa obra.

Na foto, vemos José Carlos Sanches como Fausto, contracenando ao lado de Susana Vieira, a vilã Branca da novela “Por Amor (1997/98)”, um grande sucesso de Manoel Carlos.

MUNDO NOVELAS: Em 1997 você viveu um vilão na novela “Por Amor” de Manoel Carlos. O personagem era Fausto Ribeiro, um piloto de helicóptero, cúmplice de Branca (Susana Vieira) nas armações contra o mocinho Nando (Eduardo Moscovis). O personagem também chamou a atenção e despertou raiva no telespectador. Como foi essa experiência de vilão de novela? Como era a reação do publico nas ruas em relação a seu personagem?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Como em Que Reis Sou Eu ? , mais uma vez me deram uma participação modesta . Mas acredito que não existem personagens pequenos . No inicio o “Fausto” não tinha importância alguma na trama e com o decorrer da novela ele foi se encorpando e virou um grande vilão e aparecia todos os dias, como o Balesteros. Isso gratifica muito o trabalho do ator, pois vem o reconhecimento do autor e confiança no ator.

É interessante a reação do público nas ruas, pois te tratam como se você fosse a personagem. No inicio me assustei, mas, depois você se acostuma, faz parte do show. Fazer vilão é muito interessante e gratificante para qualquer ator. O vilão te dá muito material emocional e uma gama de interpretação ampla e mais real do o “bonzinho”. Gosto dos vilões, são mais reais!

Ao longo da carreira, José Carlos Sanches fez participações em diversas novelas e humorísticos da TV. Na foto, vemos o ator ao lado do saudoso Chico Anysio.

MUNDO NOVELAS: Durante a carreira na TV, você fez muitas participações em novelas e séries. Qual a que mais lhe marcou?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Fiz muitas participações interessantes, mas a que mais marcou foi o “Chico”, mais um vilão, em “Anos Dourados “ (Gilberto Braga).

José Carlos Sanches chegou nos últimos capítulos da novela “Gente Fina (1990)” para conquistar a personagem vivida pela saudosa Sandra Bréa. Mais uma participação marcante do ator em novelas. “Gente Fina” foi a novela que o ator atuou, mais ou menos um ano após o sucesso de “Que Rei Sou Eu?”. 

MUNDO NOVELAS: Você atuou em novelas importantes como Água Viva, Sétimo Sentido, Amor com Amor se Paga, Que Rei Sou Eu, Por Amor, entre outras. Trabalhou com grandes autores como Gilberto Braga, Manoel Carlos, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Atualmente você está fora da TV. Você acha que a TV é injusta com alguns atores veteranos? Existe pessoas protegidas e outras desprezadas no meio artístico?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Essa pergunta pode ser perigosa , de acordo com a minha resposta, mas não quero entrar em polêmicas desnecessárias. Acredito que o mercado da TV é muito concorrido e talvez eu não saiba transitar por esse mercado . Defeito meu !

Todas novelas que fiz foram iniciados com participações pequenas e que no decorrer da trama foi crescendo. Sinal que o autor gosta do meu trabalho e isso serve de reconhecimento profissional pelo meu trabalho. Acontece isso, e depois tenho que recomeçar do zero para fazer outro trabalho na TV. Depois do Balesteros custei a voltar a TV e aconteceu o mesmo com o Fausto , tentei outras novelas e nada. E olha que nunca tive problemas com ninguém. Nem eu sei explicar isso...como falei : não devo saber transitar no meio .

Vivendo um promotor numa participação na novela “A Lua Me Disse” de Miguel Falabella em 2005.

MUNDO NOVELAS: Os reality shows do gênero “Big Bother Brasil” da Globo e de “A Fazenda” da Record estão promovendo novos astros e tirando a chance de atores veteranos ou não tem nada a ver?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Sem qualquer preconceito, não acredito que isso seja o caminho certo para você virar um “astro”. O ator se promove através do seu bom trabalho tanto no teatro como no cinema e até na TV. Raramente você encontrará no mercado um profissional respeitado pelos colegas que atingiu a fama(?)e o reconhecimento profissional por esses veículos. Na minha época o “preconceito” era contra os “modelos” que viraram atores... e por aí vai!

Vivendo um médico numa participação na novela “Caras & Bocas” de Walcyr Carrasco em 2010.

MUNDO NOVELAS: Em todos esses anos de carreira na TV, você atuou mais em produções da Rede Globo. Porém, também teve experiências em outras emissoras como em uma participação na novela “Luz do Sol” da Record. O que você achou de atuar em produções de outra emissora e qual a importância de novas opções de teledramaturgia fora da Globo?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Não me importo em trabalhar em qualquer emissora, o importante é trabalhar, produzir. E torço que outras emissoras abram mercado de teledramaturgia, que para nós atores e os autores tenhamos mais opções de mercado.

Sua beleza e seu olhar irresistível comparado a determinação e talento, garantiram o sucesso do ator.  

Anos de 1990

MUNDO NOVELAS: “Blue Jeans” foi um espetáculo que ficou muitos anos em cartaz na década de 1980. Ficou famoso também pela rotatividade de atores que participaram do espetáculo. Em que época você participou do espetáculo e como foi participar de “Blue Jeans”?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Participei na primeira montagem, e foi uma experiência muito boa para o meu amadurecimento como ator. Aprendi muito. Acredito que o teatro é habitat do ator e que dá respaldo para outros veículos.

MUNDO NOVELAS: Qual a mensagem que você deixa para os que desejam atuar?

JOSÉ CARLOS SANCHES: Estudem o máximo possível para ficarem prontos na hora que surgir a oportunidade.

Estar preparado é fundamental!

Uma Rapidinha: Responda com uma palavra:
1 Fé? Alimento
2 Filhos? Fruto
3 Amor? Necessidade
4 Inveja? Abomino
5 Sucesso? Consequência
6 Viagem? Amo
7 Amizade? Fundamental
8 Livro? Obrigatório
9 Novela? Que Rei Sou Eu ?


Por Sérgio Teixeira
(site MUNDO NOVELAS)

Agradecimento:
Gilberto Zangrande
(Ator e Produtor)