Guilherme de Pádua (mais um retrato da impunidade no Brasil)

Reportagem desnecessária, sensacionalista em busca de audiência e sem conteúdo. É assim que descrevo o programa do apresentador “Ratinho” desta quinta-feira (08/04), no SBT. Gostaria de saber o real interesse desta entrevista? Se foi intenção de mostrar para o telespectador se o assassino de Daniela Perez é o autor deste crime bárbaro, deixando a ex-esposa Paula Thomaz como co-autora ou se foi puro exibicionismo favorecendo Guilherme de Pádua, para que o assassino volte por cima, na mídia. O tempo todo, mais uma vez, o assassino demonstrou-se arrependido do crime que cometeu, chegando a responder para Ratinho que, caso tivesse oportunidade, pediria desculpas a autora Glória Perez, por ter tirado a vida de sua filha e sempre, o tempo todo da entrevista, com ar de vitima, usando da religião que frequênta, como fuga, mostrando-se ser uma nova pessoa, com real intenção de iludir os telespectadores. Guilherme de Pádua, durante toda entrevista, ficou driblando o apresentador Ratinho. O apresentador queria saber o por quê do crime e Guilherme, por sua vez, avisava em claras palavras, abertamente que não poderia responder tal pergunta, porque havia lido no Twitter de Ratinho que varias pessoas estavam o detonando no Twitter, chegando a ser ameaçado, caso contasse detalhes do crime; sendo assim, não poderia se comprometer. Lamentável a mídia dá espaço a este tipo de individuo, que não deveria nem se quer, ser mencionado nos veículos de comunicação, fazendo valer a justiça através do desprezo, já que vivemos num país de muitas leis, porém, sem cumprimento das mesmas.

Espetáculo Blue Jeans, na foto da matéria da revista Contigo de 1991, Guilherme de Pádua está ao lado de Alexandre Frota. ARQUIVO MUNDO NOVELAS.

Guilherme de Pádua ainda negou ter ficado nu, participando de espetáculos teatrais no Rio de Janeiro. O assassino negou qualquer fato sobre sua nudez nos teatros, afirmando que era mentira da imprensa. Na foto, Guilherme de Pádua aparece atuando na peça “Blue Jeans” de 1991. veja a matéria completa editada na Revista Contigo (ARQUIVO MUNDO NOVELAS).

Daniela Perez (na época com 22anos) foi assassinada pelo ex-ator Guilherme de Pádua e sua ex-mulher Paula Thomaz, em 28 de dezembro de 1992, exatos três dias antes das festas de réveillon onde todos ainda estavam se preparando para o ano novo. Os assassinos Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, mataram a atriz e bailarina friamente, com golpes te tesoura, lesionando todo o corpo da atriz num total de 18 perfurações; sendo quatro perfurações no pescoço, oito no peito e outras seis que atingiram pulmões e outras regiões. Foi um crime bárbaro que chocou todo país, trazendo um sentimento de revolta e indignação para todos os brasileiros. O curioso foi que antes da policia descobrir os assassinos do crime, durante o funeral de Daniela, uma das primeiras pessoas a comparecer no funeral foi o próprio Guilherme de Pádua, usando de um falso sentimento, para consolar Glória Perez e o ator Raul Gazola, que estava casado com Daniela na época. Neste ano, a atriz estava se consagrando nas novelas da Rede Globo. Daniela Perez estava no auge do sucesso, interpretando a ousada Yasmim na novela “De Corpo e Alma”, sendo admirada por todos através de seu talento promissor, beleza e simpatia. Guilherme de Pádua contracenava com a atriz na mesma novela, por tanto, era uma das pessoas mais próxima de Daniela naquele ano.

Daniela Perez e Raul Gazola, num especial da TV Manchete em 1989.

Aos poucos, Daniela Perez estava provando que tinha vindo pra ficar. Com um talento inconfundível, uma simpatia ímpar e uma beleza singular, a atriz e bailarina já estava na sua terceira novela com apenas 22 anos. Antes, com 19 anos, havia estreado na TV através de uma participação na abertura da novela “Kananga do Japão” em 1989, na extinta TV Manchete. Na emissora dos Bloch, Daniela ainda participou de um especial, onde mostrou o seu talento de bailarina, dançando tango com o marido Raul Gazola. No ano seguinte, a atriz chegava a Rede Globo para atuar em sua primeira novela: “Barriga de Aluguel”, com autoria de sua mãe Glória Perez. Em 1991, antes de terminar os trabalhos em Barriga de Aluguel, Daniela teve que sair da novela para fazer um papel de destaque em “O Dono do Mundo” de Gilberto Braga. Começava uma carreira meteórica da atriz, recheada de sucesso.

Em 1997, Guilherme foi julgado e condenado a 19 anos de prisão. O veredito, acompanhado por 400 pessoas, foi aplaudido de pé. Três meses depois, Paula foi condenada a 18 anos e seis meses, mais tarde teve a pena reduzida para 15 anos. Glória Perez acompanhou o julgamento, segurando as sapatilhas e uma fotografia da filha assassinada. Após colher 1,3 milhão de assinaturas, Glória conseguiu a aprovação de um projeto de lei para incluir o homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos, que recebem tratamento legal mais severo e impossibilitam o pagamento de fiança e o cumprimento da pena em regime aberto ou semi-aberto. Como o assassinato de Daniela foi anterior à instauração da nova lei, Paula e Guilherme foram beneficiados e cumpriram parte da pena em liberdade. O casal ficou preso por sete anos.