domingo, 14 de fevereiro de 2016

LAÇOS DE FAMÍLIA (BASTIDORES)


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Manoel Carlos conta que a ideia central de Laços de Família partiu da leitura de uma notícia de jornal: nos Estados Unidos, em 1990, a mãe de uma jovem com leucemia engravidou para salvar a filha. A história parecia tão boa que o autor deu como certa sua adaptação pelos estúdios de cinema. Quatro anos depois, nem sinal de um filme sobre o assunto. Em 1995, decidido a resgatar a história, ele encomendou uma pesquisa completa e escreveu a sinopse. O sacrifício da mãe pela filha é um dos temas caros ao autor, que já havia explorado situações semelhantes nas novelas História de Amor (1995) e Por Amor (1997).

Por considerar, Helena, um nome forte e mitológico, Manoel Carlos batizou as protagonistas de suas novelas. Em Laços de Família, Vera Fischer deu vida à quinta Helena do autor. As novelas anteriores foram Baila Comigo(1981, protagonizada por Lilian Lemmertz), Felicidade (1991, estrelada por Maitê Proença), História de Amor (1995, que tinha Regina Duarte como protagonista) e Por Amor (1997, novamente com Regina Duarte no papel principal). Depois ainda vieram as novelas Mulheres Apaixonadas (2003, protagonizada por Christiane Torloni), Páginas da Vida (2006, estrelada por Regina Duarte), Viver a Vida (2009, com Taís Araújo no papel principal) e Em Família (2014, com Bruna Marquezini na primeira fase e Júlia Lemmertz na fase atual no papel principal).

Laços de Família abordou temas relacionados a valores familiares tradicionais e, por conta disso, sofreu resistência por parte da Igreja, do Juizado de Menores e do Ministério da Justiça. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por exemplo, proibiu o uso de qualquer uma de suas paróquias para a gravação do casamento de Edu (Reynaldo Gianecchini) e Camila (Carolina Dieckmann). O juiz Siro Darlan, da 1ª Vara da Infância e Juventude, avaliou que a trama não era adequada ao horário, e a novela passou a ser exibida a partir das 21h. Também por determinação do juiz, os atores com menos de 18 anos foram afastados temporariamente das gravações. Siro Darlan alegou que as cenas da novela apresentavam “conotação sexual” e “violência” excessivas para as crianças, e que elas eram submetidas a “longas jornadas de trabalho”. A Rede Globo recorreu da decisão e, sob determinações e critérios da Justiça, o elenco voltou a gravar.

Para escrever a personagem Capitu (Giovanna Antonelli), Manoel Carlos providenciou ampla pesquisa sobre garotas de programa e entrevistou dezenas de jovens universitárias que se prostituíam. Capitu, uma prostituta de luxo, foi inspirada em uma reportagem do jornalista Gilberto Dimenstein para a Folha de S. Paulo sobre o grande número de garotas de programa nas faculdades do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Laços de Família foi à primeira novela de Reynaldo Giannechini, que viveu o personagem Edu, um dos principais da novela. Na época, o ator vinha das passarelas de moda e era conhecido como o namorado da jornalista Marília Gabriela.

Laços de Família também foi à primeira novela de Juliana Paes, que viveu a empregada doméstica Rita, que se envolvia amorosamente com Danilo (Alexandre Borges), marido de sua patroa, Alma (Marieta Severo). Antes, a atriz fez uma participação em "Malhação".

Antes de estrelar a temporada 2001 da novelinha teen "Malhação', Iran Malfitano estreou na TV através de "Laços de Família". O ator viveu o personagem Pedro (José Mayer) na fase jovem e aparecia em flashback nas lembranças de Pedro e Helena (Vera Fischer).

Um pouco cansada por conta do ritmo das gravações de "Laços de Família", Vera Fischer convenceu o autor, Manoel Carlos, a lhe dar uma breve folga.

Usando como argumento o fim do romance entre sua personagem Helena e Edu (Reynaldo Gianecchini), o escritor atendeu o desejo da atriz.

Enquanto a esteticista vai passar uma temporada num hotel no Sul, a fim de se afastar do namorado, a atriz tirou férias de 15 dias. Com vários compromissos agendados, Vera Fischer aproveitou a folga da novela para estrelar um comercial de joias, participar de um desfile de moda e posar para uma capa de revista. Tudo nas cidades de Lisboa e Porto em Portugal.

Laços de Família marcou o retorno do ator Flávio Silvino à televisão após sete anos de afastamento devido a um acidente de carro. Manoel Carlos criou para ele o personagem Paulo, um jovem com sequelas semelhantes às do ator, e assim abordou o cotidiano e a luta de um jovem com dificuldades motoras para superar suas limitações.

Paula Tolentino viveu Marcela, outra personagem vítima de leucemia. Por conta do drama da doença, Marcela e Camila (Carolina Dieckmann) se tornam grandes amigas. Mas, diferente de Camila, que consegue a cura da doença, Marcela não resiste ao tratamento e morre vítima da leucemia.

Manoel Carlos, inicialmente, estava programando a morte de Camila. A personagem não resistiria ao tratamento e morreria. Com a morte de Camila, Helena (Vera Fischer) e Edu (Reynaldo Gianecchini) voltavam a se entender e terminariam juntos. Mas Camila comoveu o público por causa da leucemia e sua luta pela vida. A personagem caiu na preferência do grande público e o autor teve que mudar seu destino. Para retratar a morte decorrente de leucemia, Manoel Carlos criou a personagem Marcela (Paula Tolentino).

O ódio que a personagem Camila despertou no grande público, no começo de "Laços de Família", tirou o sossego de Carolina Dieckmann, sua intérprete. A revolta rendeu uma página na internet com o título "Eu Odeio Camila" ou (WWW.euodeiocamila.cjb.net). Os criadores do site tiveram raiva da personagem por considerá-la dissimulada.

A personagem Íris também despertava o ódio dos telespectadores. A atriz Deborah Secco já chegou a apanhar em um supermercado. A agressora bateu na atriz com a bolsa e enquanto batia, dizia que odiava muito a Íris. Deborah não se sentiu incomodada, muito pelo contrário, ficou feliz com a repercussão do seu trabalho.

A gravidez de Helena (Vera Fischer) aos 44 anos e de modo natural, causou receio e críticas por parte dos especialistas em medicina reprodutiva. Segundo eles, a chance de uma mulher engravidar de modo natural depois dos 40 anos não chegava a 1%. Alguns afirmavam que na condição em que a personagem se encontrava (óvulos velhos, estresse e nenhum tratamento hormonal anterior), era quase impossível ocorrer gravidez. Ou seja, o caso mostrado na novela estava criando falsas expectativas nas mulheres.

Já no lado emocional, no geral, Laços de Família, além de mostrar grandes amores e paixões, aprofundou no caso leucemia e comoveu o público ainda mais com o drama da personagem Camila (Carolina Dieckmann). A cena que Camila raspa os cabelos e fica careca por conta da quimioterapia, decorrente da doença, foi uma das mais emocionantes da novela.

Em 2003, na novela das sete "Kubanacan" de Carlos Lombardi na Globo, o garoto Gabriel (Pedro Malta), filho do herói Esteban (Marcos Pasquin), também raspava a cabeça após descobrir um câncer. A cena foi uma alusão à Camila (Carolina Dieckmann) em "Laços de Família".

A abordagem da leucemia levou a Rede Globo a ganhar o mais importante prêmio de responsabilidade social do mundo, o BITC Awards for Excellence 2001, na categoria Global Leadership Award. A emissora concorreu com as campanhas sociais exibidas na programação de 2000, tendo como destaque o chamado “efeito Camila” – o aumento significativo no número de doadores de sangue, órgãos e medula óssea por conta do drama da personagem de Carolina Dieckmann. As imagens de Camila tendo os cabelos tosados como consequência do tratamento da leucemia foram usadas depois em uma campanha da Rede Globo pela doação de medula. Nas semanas que se seguiram ao capítulo final de Laços de Família, o Instituto Nacional do Câncer registrou 149 novos cadastramentos. Antes, o índice era de dez por mês.

A pedido da então primeira-dama Ruth Cardoso, Manoel Carlos escreveu cenas que ajudaram a campanha “Solidariedade e Cidadania”.

A impotência masculina foi um dos temas discutidos em Laços de Família. A novela esclareceu dúvidas e preconceitos sobre a questão por meio do personagem Viriato (Zé Victor Castiel), um marido alegre e boa gente que entra em depressão ao perceber que não consegue mais se relacionar sexualmente com a esposa, Ivete (Soraya Ravenle), assistente de Helena (Vera Fischer) na clínica.

Através do personagem Miguel (Tony Ramos), dono da fictícia livraria Dom Casmurro, Manoel Carlos chamou a atenção para a importância da leitura e divulgou livros novos e antigos.

Manoel Carlos fez uma rápida aparição no primeiro capítulo de Laços de Família, na cena em que Miguel (Tony Ramos) é apresentado aos telespectadores. Quando o personagem entra na livraria Dom Casmurro, passa pelo autor da novela, que passeia entre as estantes, e o cumprimenta com a cabeça.

Uma equipe de 25 pessoas passou dez dias no Japão gravando cenas do encontro de Helena (Vera Fischer), Edu (Reynaldo Gianecchini), Camila (Carolina Dieckmann), Miguel (Tony Ramos) e Ciça (Júlia Feldens), que acontece nos primeiros capítulos da novela. As gravações aconteceram nas cidades de Tóquio, Kyoto e Nikko com o apoio de profissionais da IPC Television, retransmissora da TV Globo Internacional no Japão.

O diretor Ricardo Waddington procurou trabalhar com poucos movimentos de câmera para traduzir a sensação de intimidade que o texto de Manoel Carlos proporciona ao telespectador. Waddington privilegiou o plano-sequência – em que uma sequência é filmada sem cortes – para interferir pouco nas cenas. Os capítulos foram pontuados por imagens diversas do bairro do Leblon, previamente gravadas, para serem usadas ao longo da trama.

Nos primeiros capítulos da novela, a livraria Argumento, no Leblon, serviu como locação para as cenas ambientadas na livraria Dom Casmurro, pertencente a Miguel (Tony Ramos). Depois foi construído um cenário idêntico no Projac, com mais de quatro mil livros emprestados por editoras, e um busto do escritor Machado de Assis. Um cenário reproduzindo uma floricultura também foi construído na Central Globo de Produção, contendo mais de 40 arbustos artificiais de diferentes cores e tipos – rosas, lírios, gérberas, margaridas, orquídeas –, que pareciam verdadeiros graças à combinação certa de textura e iluminação.

Os atores que trabalharam nos cenários da Naturallis, a clínica de Helena (Vera Fischer) – especializada em fisioterapia, acupuntura e vários tratamentos de beleza –, e no haras comandado por Pedro (José Mayer) foram auxiliados por profissionais especializados para interpretar seus papéis.

A novela ganhou três paródias do Casseta & Planeta, Urgente!, Esculachos de Família, Chifres de Marília (pelo fato do ator Reynaldo Gianecchini estar namorando Vera Fischer e Carolina Dieckmann na novela, época em que ele estava casado com a atriz Marília Gabriela) e Passos de Quadrilha (devido à festa junina), como o grupo humorístico faz com praticamente todas as telenovelas do horário nobre da Rede Globo.

Seu primeiro capítulo rendeu 45 pontos de média e 52 de pico. Esses índices foram inferiores aos da antecessora Terra Nostra, que marcou 52 pontos em sua estreia.

Sua menor audiência é de 32 pontos, alcançada no sábado 17 de junho de 2000.

No dia em que Camila, personagem de Carolina Dieckmann raspou a sua cabeça devido à leucemia, capítulo exibido no dia 9 de dezembro de 2000, a trama marcou 45 pontos. No capítulo de 11 de dezembro, com a continuação das cenas, a trama bateu recorde de audiência com 53 pontos e 61 de picos, com 79% de participação.

Seu último capítulo marcou uma média de 59 pontos, com picos de 64, excelente para o horário.

A novela teve uma média final de 45,4 pontos.

Foi reexibida pelo Vale a Pena Ver de Novo de 28 de fevereiro a 23 de setembro de 2005, substituindo Deus nos Acuda e sendo substituída por Força de um Desejo, em 150 capítulos. A trama enfrentou diversos problemas com o Ministério da Justiça para ser reprisada.

Marieta Severo foi eleita pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) a melhor atriz do ano 2000 por seu desempenho no papel de Alma. O prêmio de revelação foi entregue a Júlia Feldens, que viveu a rebelde Ciça. No ano seguinte, o autor Manoel Carlosrecebeu do Sindicato Nacional dos Editores de Livros o Prêmio José Olympio.

Troféu APCA
Melhor atriz - Marieta Severo
Revelação - Júlia Feldens

Troféu Imprensa
Melhor novela - Laços de Família
Melhor atriz - Carolina Dieckmann
Melhor ator - Tony Ramos
Revelação do ano - Giovanna Antonelli

Prêmio Internet
Melhor novela - Laços de Família
Melhor atriz - Carolina Dieckmann
Revelação do ano - Reynaldo Gianecchini

TV Press
Melhor autor - Manoel Carlos
Melhor atriz - (Empate Técnico) Deborah Secco, Giovanna Antonelli e Marieta Severo
Melhor ator coadjuvante - Alexandre Borges
Melhor ator revelação - Cláudio Gabriel

Prêmio Qualidade Brasil
Melhor atriz revelação - Giovanna Antonelli

Melhores do Ano - Domingão do Faustão
Melhor atriz - Vera Fischer
Melhor ator - Tony Ramos
Melhor atriz coadjuvante - Giovanna Antonelli
Melhor ator coadjuvante - Alexandre Borges
Melhor ator revelação - Reynaldo Gianecchini

Festival Latino Americano de Cine, Vídeo e TV de Campo Grande (2001)
Melhor novela
Melhor autor de novela - Manoel Carlos
Melhor direção de novela - Ricardo Waddington

Laços de Família foi vendida para mais de 65 países, entre eles Bolívia, Chile, Grécia, França, Honduras, Iugoslávia, Portugal e Rússia. Durante a exibição da novela pela Telemundo, nos EUA, foi realizada uma campanha de doação de medula óssea – denominada Regala Esperanza, Regala Vida –, a exemplo do que aconteceu no Brasil.

Laços de Família foi reapresentada em Vale a Pena Ver de Novo, a partir de fevereiro de 2005.

"Laços de Família" também é a primeira novela dos anos 2000 a ser exibida pelo Canal Viva.


LAÇOS DE FAMÍLIA (TRILHA SONORA)

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