sábado, 14 de dezembro de 2013

Ney Matogrosso fala sobre sua sexualidade em revista (GIRO CULT)

Ney Matogrosso é a capa e recheio da edição de dezembro da revista Rolling Stone Brasil. Com seus 72 anos muito bem vividos, em entrevista à publicação, Ney, um dos artistas mais performáticos do nosso país, falou sobre sexualidade, garantindo que já chegou perto de um orgasmo enquanto se apresentava em um palco. Também comentou sobre seus dias na aeronáutica e sua relação com Cazuza. “Tem um fenômeno que acontece comigo.

Depois de certa altura, tive que botar uma coisa pra me proteger. Porque eu ficava tão excitado que minha calça ficava molhada”, diz. O cantor disse que decidiu ser um recruta da aeronáutica pelo simples fato de querer sair de casa. “A aeronáutica era um pretexto que usei para sair de casa. Foi bom. Foi uma experiência interessante. De repente, caí no meio de 40 homens da minha idade. E, entendendo que nada me era dado, os espaços de todo mundo tinham que ser conquistados. Parecíamos um bando de bichos, um bando de adolescentes de 17 anos. Alguém respeita alguém? Então se tratava de impor limites. ‘Daqui não passa’. Saí na porrada com um camarada duas vezes. Rolamos pelo chão”.

 Sobre a sexualidade logo aos 17 anos, na aeronáutica, Ney revelou que rolaram muitas coisas por lá. “Isso tudo rolava lá. Muita coisa louca. Éramos 40 e tínhamos que tomar banho de 20 em 20. Foi meu primeiro susto: eu não era acostumado com isso. Mas logo entendi que, se não tirasse a roupa e entrasse logo no banho com eles, aí sim ia ter um problema. Porque vi que era todo mundo bicho. E hormônios latejando, né? Éramos os 40 recrutas dentro de um quartel onde existiam mais de 500 homens. Aí, começaram a acontecer coisas. De acordar de noite e alguém pegando em mim. Acordar no escuro e ver um vulto sair correndo. Ou acordar com porra de gente em cima. Gente que se masturbava na escuridão. Logo vi que ali dentro esse assunto não era um tabu.

Ele era digerido, sabe? Comecei a entender que aquilo não era um bicho de sete cabeças”. Ney Matogrosso contou que viu muitos homens tendo relações sexuais dentro do confinamento. “Vi muito acontecer lá dentro. Vi dois remadores desta largura se beijando. Dei um flagrante. E não era imitação de mulher – eram dois homens másculos.

Contei isso pra Hebe [Camargo] e ela me disse que não podiam ser másculos. Eram sim, Hebe. Você está enganada. Ou você não está bem informada. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Eu vi isso. E foi uma revolução na minha cabeça. O negócio era muito para lá do que eu imaginava. E isso me deu certa tranquilidade com o assunto. Porque essa coisa já passava por mim.

Não admitia, mas já passava”. Com seus 17 anos, Ney afirma que só as pessoas viam nele algo que ele ainda não entendia em relação à sua sexualidade e que sua vontade era ter uma primeira vez de acordo com seu ideal romântico. “As pessoas viam alguma coisa nesse sentido em mim que eu não sabia. No quartel, falavam umas coisas pra mim que eu não entendia direito. Falavam de pele e eu dizia: ‘Pele, mas que pele? Que conversa é essa?’ Eles eram ultrassexuais. O fato de eu ter visto isso me acalmou com relação ao assunto, mas eu não queria realizar isso com qualquer um. Tinha uma coisa na minha cabeça, um ideal romântico.

Eu poderia ter realizado, mas queria que tivesse sentimento envolvido”, afirmou. Questionado pela revista sobre a época do Secos & Molhados, grupo que liderou nos anos 70 e que trazia performances ousadas, figurinos extravagantes e maquiagem bastante diferenciada, Ney Matogrosso disse que havia uma relação com homem e mulher naquele tempo.

 “Até depois do Secos & Molhados ainda acontecia isso. Muito pouco depois. Só que era assim: homem e mulher junto. Eu tinha um namorado e tinha uma namorada. Ficávamos os três juntos [...] Mas as pessoas colocam um tabu em uma coisa que é divertida e é agradável, sabe? Não existia essa questão. A primeira vez que trepei na minha vida foi com mulher. Eu tinha 13 anos.

Lá em Mato Grosso, na fazenda do meu avô. Ney falou também de sua relação com Cazuza e afirmou que o cantor não era agressivo como parecia ser.. “Foi em 1979 que a gente transou e que a gente namorou. Muito antes de ele ser cantor, de ser tudo. Ele era apenas filho do João Araújo. [...] Mas ele não era isso na intimidade, sozinho, careta. Aquilo era loucura.

O álcool o deixava daquele jeito. Mas ele não era assim. Eu fiquei louco de amor, perdido, apaixonado. Quando ele saía de perto de mim, olha que loucura, eu ficava mentalizando na minha cabeça para ele vir, para ele vir. Sabe? Muito doido.

Eu saía com ele para os cantos assim, né? E as pessoas me diziam: ‘Ney, eu nunca te vi assim’. Eu respondia: ‘Mas eu nunca estive assim, mesmo’”. Ainda sobre sua relação com Cazuza, Ney Matogrosso afirmou que a causa do fim desse relacionamento de três meses foi a loucura. “Foi assim intenso por três meses. Mas a loucura foi maior. A loucura dele. Ele ficou três dias desaparecido. Quando apareceu na minha casa, veio com um traficante.

Cazuza estava imundo, sujo, fedido. Briguei: ‘Você traz um traficante pra minha casa? Não quero ver você sujo, fedendo. Não quero ter um traficante na minha casa’. Ele me chamou de careta. A gente teve uma discussão.

Expulsei-o, ele cuspiu em mim e eu meti porrada na cara dele [...] Ele já estava cheirado, enlouquecido. Já andava com o traficante do lado. Mas, uma semana depois, a gente já estava entrando de mãos dadas dentro do restaurante”, contou.

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