sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MARCIO EHRLICH (PERSONALIDADE MUNDO NOVELAS)

Encantado com a sua neta Pérola (Mel Maia), o vilão da novela das seis da Globo, Joia Rara, Dr.Ernest (José de Abreu), decide apelar para a Justiça para tirar de seu filho Franz (Bruno Gagliasso) e da mãe da menina, Amélia (Bianca Bin), o direito de criá-la. Para isso, o advogado Dr.Moacir Penedo, vivido pelo ator Marcio Ehrlich, está com a missão de complicar ainda mais a vida da doce Amélia.

Marcio Ehrlich é o PERSONALIDADE MUNDO NOVELAS deste mês. Conheça um pouco mais da carreira deste ator, produtor e publicitário numa entrevista EXCLUSIVA para o portal MUNDO NOVELAS! 

Marcio Ehrlich vivendo o advogado, Dr Moacir Penedo em "Joia Rara"
Mundo Novelas - Você se formou em Psiquiatria, foi cartunista, produziu e apresentou alguns programas de TV e Rádio, é publicitário, é empresário. Com toda esta bagagem o que lhe despertou em ser ator? Você já planejava atuar?

Marcio Ehrlich - Meu registro de ator é de 1989, quando já tinha 39 anos e decidi assumir que precisava ter legitimidade profissional para uma coisa que fazia nas horas vagas desde garoto. Tenho clara na memória que no Jardim da Infância eu já participava dos teatrinhos da escola.

Mundo Novelas - Sua carreira de ator na TV começou na extinta Rede Manchete. Na emissora dos Bloch você viveu um piloto do personagem de Claudio Marzo na novela “Pantanal”. Como surgiu esta oportunidade na TV Manchete e como foi participar de uma novela que inovou no gênero em pleno 1990?

Marcio Ehrlich - Eu bati na porta da Manchete e me cadastrei, quando soube que eles começaram a entrar em dramaturgia. Para minha sorte, esse meu tipo de "sujeito sério" era o que eles precisavam para um piloto que se recusava a fazer o que o José Leôncio pedia.

Mundo Novelas - Sua chegada na Globo foi através da novela “Rainha da Sucata”? Você contracenava com a Regina Duarte. O que você colheu desta experiência? Como foi saltar, no mesmo ano, da Manchete para à Globo, mesmo depois de participar do fenômeno chamado “Pantanal”?

Marcio Ehrlich - Quem me levou para a Globo foi o Cécil Thiré, que me indicou para a Oficina de Atores da Globo, depois que eu fiz um curso com ele. Acho que eu era o mais velho da turma, perfeito para fazer um acionista da Do Carmo Veículos. Participei praticamente da novela inteira, contracenando com três monstros sagrados: Regina Duarte, Aracy Balabanian e Daniel Filho. Aprendi muito vendo como eles representavam.


Mundo Novelas - No começo da década de 1990, você atuou numa novela atrás da outra: Pantanal (1990), Rainha da Sucata (1990), O Dono do Mundo (1991), Barriga de Aluguel (1990/91), Lua Cheia de Amor (1991), Araponga (1990/91), Pedra Sobre Pedra (1992), De Corpo e Alma (1992/93), Deus Nos Acuda (1992/93), Olho No Olho (1993), entre outras. Algumas destas novelas estiveram no ar, no mesmo ano mas em diferentes horários. Recentemente você fez participações em Flor do Caribe, Amor à Vida e Joia Rara. Como é dar vida a personagens em diferentes produções num curto espaço de tempo? Como é pegar o bonde andando?

Marcio Ehrlich - O que aprendi nesse tempo todo é que o ator que faz participações cumpre funções, seja como escada para os protagonistas, seja para "explicar" situações. É o juiz que determina rumos, o médico que dá esperança para o personagem doente etc. Então, você tem que saber que não vai lá para estrelar ou brilhar. Tem que dar o seu texto compreendendo o contexto do que precisam de você. Acho que tenho conseguido, já que toda hora me chamam. :)

Mundo Novelas - Numa participação aqui, outra ali, você já atuou em diversas novelas, séries, minisséries. Você começou na Globo muito antes de surgir o Projac. Praticamente esteve sempre no ar? Já contabilizou quantas produções? Como foi acompanhar a evolução da linguagem na teledramaturgia?

Marcio Ehrlich - Já participei de 28 novelas, fora outras produções. Estrelei um episódio do Você Decide, "O Homem Errado", com Claudio Marzo e Ângelo Antonio. Dos anos 90 para cá, a dramaturgia mudou muito. O estilo naturalista de representação se consolidou, por exemplo. Mas posso dizer que só tenho 13 anos de atuação em televisão, de 1990 a 1998 e de 2009 para cá. Entre 1998 e 2009 eu abandonei a carreira de ator para me dedicar à minha empresa de marketing promocional, a Dinâmica.

Mundo Novelas - Dos inúmeros personagens que você viveu, qual ou quais foram os mais marcantes? Qual foi a novela que você mais gostou de participar?

Marcio Ehrlich - Gosto muito da cena que fiz com o Mateus Solano no Amor à Vida. Claro que a Sucata foi bacana por me dar uma enorme visibilidade, inclusive com o público. Mas a mais divertida foi Pedra Sobre Pedra, em que fiz o negociador de diamantes Van Damme, contracenando com o saudoso Armando Bogus.

Marcio Ehrlich ao lado de Mateus Solano numa gravação da novela "Amor à Vida"
Mundo Novelas - Recentemente, durante uma participação na novela “Amor à Vida”, você declarou na rede social que Mateus Solano foi um dos melhores atores com quem contracenou. Bateram texto várias vezes antes de irem para o estúdio. E quando o Mateus soube que seus filhos, naquele dia, estavam passeando fora do Brasil, ele mesmo sugeriu: "vamos fazer uma foto para provar pra eles que, em pleno sábado, você está aqui trabalhando". Esta receptividade não é comum no meio artístico? O estrelismo atrapalha?

Marcio Ehrlich - Há atores generosos e outros nem tanto, infelizmente. Mateus foi supergeneroso, como também foram Bogus, Fagundes, Toni Ramos, Ângelo Antonio e muitos outros. No Joia Rara, estou tendo a sorte de contracenar com outro grande ser humano e fantástico ator, o José de Abreu. Claro que a gente rende mais quando sente que há uma troca de energia humana durante os ensaios e a cena.

Mundo Novelas - Já estive no Projac e observei que, uma tática corriqueira de vários, para não dizer a maioria dos atores, são de fingir que estão em papo pelo celular para não ter que falar com os fãs. Entre os colegas de profissão também acontece isto? Como é sua relação com o público?

Marcio Ehrlich - Eu só tive assédio forte de fãs na época da Sucata. E posso dizer que chega um ponto em que realmente o ator passa a se preocupar com alguns fãs que ultrapassam o limite da admiração e tentam "se impor" ao ator. Pedir para tirar foto ou pedir autógrafo demonstra carinho e admiração. Agora, além disso, é não entender que o ator também é um ser humano que pode estar extenuado de um dia puxado de gravações ou envolvido com outros problemas pessoais.

Mundo Novelas - Você é formado em psiquiatria. Já se aproveitou dos conhecimentos da mente humana para passar isto a seus personagens? Usou a psiquiatria na composição de seus personagens?

Marcio Ehrlich - Usei a medicina, sim. Em Passione, interpretando um médico que precisava explicar para Kayky Brito e Bianca Bin os riscos de um casamento entre primos de primeiro grau, propus ao diretor Luis Henrique Rios uma mexida no texto para exemplificar o que acontece nestes casos. Ele aceitou e a cena ficou bem didática, inclusive para o público. Curiosamente, a cena foi reproduzida no dia seguinte no Mais Você, em uma matéria em que a Ana Maria Braga fez sobre o assunto.

Mundo Novelas - Com tanta experiência na mídia, como comunicação, publicidade, já pensou em ingressar na literatura? Já pensou em escrever um romance, peça teatral ou até mesmo teledramaturgia?

Marcio Ehrlich - Tenho uma enorme vontade, sim. Até porque o jornalismo nos engessa, já que temos que ser bem objetivos em passar todas as informações em um espaço não muito extenso. Tenho feito algumas oficinas de dramaturgia. Uma hora sai.

Mundo Novelas - Como é a chegada em Joia Rara? O advogado de Ernest (José de Abreu) é do bem ou do mal? Será que ele vai conseguir a guarda de Perola (Mel Maia)?

Marcio Ehrlich - O Dr.Ernest é um sujeito que sabe o que quer e não se preocupa em como isso afeta quem está à sua volta. Mas ele vive em uma época de desbravamento econômico no Brasil, quando o empresariado não percebia que devia haver limites na utilização da mão de obra de terceiros para seu próprio enriquecimento. Estas eram as regras da época. Visto com o olhar de hoje, claro que ele se torna o vilão da história. E vai lutar até onde puder para conseguir que a Pérola volte para a sua casa. Propondo até que o juiz seja subornado, o que o Dr.Moacir, naturalmente, se recusa.

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