As complexidades por trás de um assassinato tornam a morte em si apenas um detalhe. É esse o ponto de partida de O Canto da Sereia, microssérie de quatro episódios que a Globo exibe a partir do dia 8 de janeiro. Baseada no livro homônimo do jornalista Nelson Motta e ambientada em uma Salvador contemporânea, a produção desvenda os segredos e mentiras que surgem a partir da morte de Sereia, de Isis Valverde. Musa da axémusic, a cantora foi assassinada enquanto agitava a multidão em cima do trio elétrico em pleno Carnaval baiano.
"A história é contada toda em flashback. O público acompanhará o caminho da cantora até o sucesso, assim como identificará as ambiguidades de Sereia e dos personagens próximos a ela", conta George Moura, que assina a adaptação do texto para a tevê ao lado de Patrícia Andrade e Sergio Goldenberg.
Com direção de núcleo de Ricardo Waddington e direção-geral de José Luiz Villamarim, a microssérie está sendo idealizada desde meados de 2010 e foi produzida em duas etapas ao longo de 2012. Primeiro, com gravações de planos-sequência durante o último Carnaval de Salvador. E outra entre os meses de outubro e novembro, com a participação de todo o elenco, formado por atores estreantes locais e por nomes como Camila Morgado, Fabiula Nascimento e Marcos Caruso.
"Era preciso captar todo o clima do Carnaval baiano. Mas foram dias difíceis, debaixo de sol e na dependência de uma multidão animada que não podia ver uma câmara", relembra José Luiz Villamarim que, do ponto de vista técnico, elege a cena da morte de Sereia como a mais complexa. "Misturamos cenas reais do Carnaval com imagens feitas posteriormente.
O maior desafio foi juntar tudo isso e ainda deixar a sequência verdadeira e forte", conta. Filmada em película e com direção de fotografia do renomado Walter Carvalho, O Canto da Sereia não limita seu diálogo com o cinema apenas no formato. A engenhosa história criada por Nelson Motta tem uma ligação muito próxima com o estilo noir, surgido na França, mas difundido nos filmes de Hollywood dos anos 1940, onde um crime com vários suspeitos em potencial é desvendado por um investigador, narrativa utilizada em clássicos como Alma em Suplício, de 1945, e Os Assassinos, de 1946.
No caso da microssérie, o investigador é Augustão, de Marcos Palmeira, um ex-policial que trabalhava como segurança particular de Sereia. "Aos poucos, meu personagem vai descobrindo os podres que estavam por trás do sucesso dela. Por ser segurança de Sereia, sente-se culpado pela morte e quer saber o que realmente aconteceu", adianta Palmeira.
No meio de toda a ação, está Isis Valverde, que, sem qualquer experiência na arte de cantar, passou por aulas de canto e de prosódia com o objetivo de parecer convincente na pele de uma rainha do axé. "Foi muito estranho me ouvir cantar. Subir no trio e comandar o pblico foi um momento nico e importante para mim como atriz.
Não sou cantora e nem tenho pretensão de ser", diverte-se a protagonista. Acostumada a personagens de sensualidade exacerbada, Isis enxerga em Sereia, cantora de personalidade forte e sexualidade indefinida, uma oportunidade de diversificar uma carreira marcada por periguetes sem muitas nuances.
Entre as cenas mais ousadas, estão os tórridos beijos entre a cantora e o produtor musical Paulinho, de Gabriel Braga Nunes, e as sequências carregadas de erotismo entre Sereia e sua empresária, Mara, de Camila Morgado.
"Sereia é linda e muito sexual. Por onde ela passa, as pessoas ficam seduzidas. Ela mexe com todo mundo e isso ajuda a criar um mito", analisa Camila.
Por serem mais próximos e apaixonados pela cantora, Paulinho e Mara são tidos como os principais suspeitos do assassinato. Nessa mistura de sentimentos, no entanto, ainda sobram dúvidas sobre a conduta do empresário Tuta e do afetado Só Love, de Marcelo Médici e João Miguel, respectivamente.
Enquanto Tuta ficou encantado com a cantora desde o momento em que passou a investir na carreira dela, Só Love é o típico fã sem noção que, por trabalhar como secretário de Sereia, consegue ficar próximo de sua musa.
"Essa ausência do maniqueísmo deixa tudo mais vago e surpreendente. Qualquer um pode ser o assassino. O legal nesse caso é chegar até as motivações", acredita João.
Por: O Fuxico
Nenhum comentário :
Postar um comentário