Rita é adotada por um casal de argentino, que a leva para outro país lhe dando uma vida digna. Mas a sede de vingança sempre existiu e, depois de doze anos, Rita volta ao Brasil como Nina para se vingar de Carminha e seu amante Max (Marcelo Novaes).
Quem pensa que Rita/Nina é a única que voltou pra se vingar em novela está muito enganado. O tema vingança já povoou o imaginário de muitos autores de nossa teledramaturgia, responsáveis em gerar verdadeiros clássicos para a TV e aguçando os sentimentos de muitos telespectadores fascinados pelas histórias dos determinados vingadores.
O tema “vingança” não só acompanha sentimentos rancorosos e sofrimentos. Em novela, a vingança vem em conjunto com outros sentimentos, muitas vezes abrindo portas para surgimentos de paixões avassaladoras e, em alguns casos, até deixando a vingança meio que de lado para se tornar num grande amor.
Um caso de uma vingança que foi consumida pelo amor, foi em “Tieta (1989/90)”, a novela escrita por Aguinaldo Silva, adaptada da obra de Jorge Amado, trouxe Betty Faria no papel principal. Tieta, no passado fora humilhada e expulsa de Santana do Agreste (Bahia), pelo pai Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) e sua irmã Perpétua (Joana Fomm). Determinada, conseguiu fazer fortuna como dona de um prostíbulo de luxo em São Paulo e logo arquitetou o plano de vingança contra o pai, a irmã e alguns poderosos da cidade que a expulsou. Tieta resolve sustentar toda família, enviando dinheiro para eles durante muito tempo, porém, sem nunca se mostrar. É durante muito tempo também que seu pai e sua irmã Perpétua são os principais interessados e os que mais contam com o dinheiro enviado por Tieta todo mês. Chega o dia da volta de Tieta pra Santana do Agreste e onde ela começa seu plano de vingança. Mas o tempo passa, seu pai morre de velhice, Tieta reencontra antigos amores como o másculo Osnar (José Mayer) além de um novo e polemico amor com o sobrinho Ricardo (Cássio Gabus Mendes) e começa a ajudar no progresso da cidade. Seu plano de vingança se resume apenas no empecilho chamado Perpétua, que rapidamente a sábia Tieta tira de letra, deixando que a própria cidade que a expulsou no passado, fosse sua principal aliada e cuidasse de exterminar as maldades de Perpétua.
E a vingança não para por aí. Em “Fera Radical (1988)”, Malu Mader era a vingativa Claudia, que voltava muito tempo depois para cidade natal chamada Rio Novo, com a única intenção de se vingar daqueles que foram responsáveis pelo massacre de sua família. Claudia se infiltra na fazenda do poderoso Altino Flores (Paulo Goulart) com a intenção de acabar com a família daquele que ela pensa ter sido responsável pelo seu sofrimento. Ao articular a destruição de todos que a fizeram sofrer, Cláudia se defronta com a amizade leal de Altino, que se vê preso a uma cadeira de rodas desde a noite da chacina, e o ódio de Joana (Yara Amaral), mulher de Altino. Tal ódio aumenta quando ela descobre quem é Cláudia e que ela vive com Marta (Laura Cardoso), antigo amor de Altino, cujo romance no passado gerou Olívia (Denise Del Vecchio), criada por ela. Mas os planos de Cláudia podem vir por terra quando ela se envolve com os filhos de Altino, Fernando (José Mayer) e Heitor (Thales Pan Chacon), e se sente arrebatada pelo amor de Fernando.
Em “O Dono do Mundo (1991)”, mais uma vez Malu Mader interpretaria uma mulher vingativa. Dessa vez ela é Marcia que é enganada pelo famoso médico Felipe Barreto (Antônio Fagundes). Frio e calculista, Felipe sente uma forte atração por Márcia, uma simplória professora, tímida e suburbana, noiva de Walter (Tadeu Aguiar), um funcionário de sua clínica. Essa fascinação aumenta quando ele descobre que a garota é virgem. Durante o casamento de Márcia, Felipe aposta uma caixa de champanhe com Júlio (Daniel Dantas), gerente da clínica, dizendo que fará amor com a moça antes do noivo. A fim de alcançar seu objetivo, ele oferece uma viagem ao Canadá para o casal. No estrangeiro, arma para que Walter se distancie e seduz Márcia quando a mesma o procura. Com efeito, a moça, antes de sua noite de núpcias, acaba se rendendo a Felipe, o que faz com que sua vida desmorone: Walter, ao descobrir a traição, comete o suicídio. Márcia consequentemente passa a sofrer inúmeras dificuldades até ser expulsa de casa pela própria família. Começa então a se dedicar somente à vingança contra o médico.
“Fera Ferida (1993/94)” também contou a história de Feliciano Junior (Edson Celulari) que volta quinze anos depois, para cidade natal, chamada Tubiacanga, para se vingar dos responsáveis pela morte de seus país, ainda quando ele era criança. Para tanto assume uma outra identidade, Raimundo Flamel, um homem misterioso que aguça a curiosidade e a ambição dos moradores da cidade ao se declarar capaz de transformar ossos humanos em ouro. Tudo faz parte de seu plano de destruir as pessoas responsáveis pela morte de sua família, os poderosos de Tubiacanga, representados principalmente pelo prefeito Demóstenes (José Wilker) e pelo Major Emiliano Bentes (Lima Duarte). Mas como em novela, todo plano de vingança sobrevive curiosamente através do amor, Flamel logo vive uma intensa paixão com Linda Inês (Giulia Gam), a filha do prefeito, que entra em constante atrito com Raimundo Flamel, sem imaginar que ele é na verdade Feliciano Júnior, seu namoradinho de infância.
A relação dos vingadores não acaba por aqui. Ainda temos Teobaldo Faruk (José Mayer) e Lúcia Helena (Adriana Esteves) em “A Indomada (1997)”. Mais uma grande novela de Aguinaldo Silva com o tema “vingança”. Lúcia Helena perdeu os pais quando criança e foi oferecida pelos parentes, como esposa de Teobaldo, que fez fortuna e fora humilhado no passado por Altiva (Eva Wilma). Este combina com ela mandá-la para Londres até terminar os estudos, só então devendo Helena regressar para casar com o forasteiro e lhe dar um filho para que possa juntar seu sangue com o dos parentes de Helena. Dez anos depois, Helena regressa e casa com Teobaldo, pedindo a usina (que ele ganhou de Pedro Afonso e está parada há anos) como presente de casamento. A sua ideia é reativá-la para dar valor às suas terras de cana-de-açúcar, cumprindo, assim, os ideais do pai. Todavia, após o casamento com Teobaldo, ela se recusa a consumá-lo, o que o deixa fora de si. O conflito dura a novela inteira e os dois vivem uma história de ódio e amor, que movimenta toda a cidade.
Julia Matos (Sônia Braga) não chegou apenas para dançar em “Dancin’Days (1978/79)”. Depois de passar vários anos presa por ter atropelado uma pessoa, ela caba voltando para cadeia por causa da irmã Yolanda (Joana Fomm). Julia ganha nova liberdade, se envolve com o milionário Ubirajara Martins (Ary Fontoura) e decide se vingar da irmã que lhe roubou o amor de sua única filha, Marisa (Glória Pires).
Ana Franscisca (Mariana Ximenes) também volta rica e poderosa para se vingar do amor Danilo (Murilo Benicio), da vilã Olga (Priscila Fantin) e da maquiavélica cunhada Jezebel (Elizabeth Savalla) em “Chocolate com Pimenta (2003/04)”. No passado, Aninha foi humilhada por todos e se viu hostilizada por Danilo, aquele que ela mais amou. Determinada a se vingar de todos, ela casa com o velho e milionário Ludovico (Ary Fontoura), viaja para longe e volta anos depois disposta a se vingar.
“Quatro por Quatro (1994/95)” também mostrou que podemos dá boas risadas através de uma história de vingança. O sentimento também manteve viva as cômicas personagens de Carlos Lombardi. As quatro mulheres: Auxiliadora (Elizabeth Savalla), Tatiana (Cristiana Oliveira), Babalu (Letícia Spiller) e Abiagail (Betty Lago) unem forças e travam um pacto de vingança contra os homens que as traíram e as fizeram sofrer. Cada uma será responsável pela punição do "ex" da outra.
Uma coisa é certa. Se você está precisando se vingar, consulte esta galera de vingadores, que eles tem muito a ensinar. Imagina se eles se juntam? Seria o completo fim de seus inimigos.
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