Com baixa audiência, novo 'Casseta & Planeta' aposta em mudanças (ÚLTIMAS NOTÍCIAS)

Casseta & Planeta Vai Fundo, que vai ao ar na TV Globo às sextas, às 23h30, não tem tanta penetração. Em duplo sentido. Marcou apenas 12 pontos de ibope no dia 6 de abril, atrás de Vidas em Jogo, da Record. Além disso, pega mais pelas beiradas, em busca de um perfil mais popular, sem o humor furioso que o lançou na televisão. As coisas mudam.

E poucas coisas mudaram tanto quanto as comédias. Enquanto outros gêneros sofreram ajustes localizados, nas duas últimas décadas aconteceu um pouco de tudo no humor. Quando chegaram à televisão em 1987, no Vandergleyson Show, da TV Band, os cassetas traziam intactos o non sense e o humor politicamente incorreto que desaguou na TV Pirata e nos primeiros anos de Casseta & Planeta, Urgente!. Bem diferente das piadas de origem radiofônica que dominavam a televisão, os cassetas eram influenciados pelo humor do grupo inglês Monty Python e do escritor Douglas Adams, entre outras referências.

Na época, Chico Anysio foi um duro crítico do primeiro programa, que considerava elitista e que não se sustentaria sem personagens fixos. E seus quadros eram, de fato, bem diferentes do humor de tipos, que dominava o Chico Anysio Show, que ficou no ar de 1982 a 1990. E também do Viva o Gordo, de Jô Soares, que foi exibido de 1980 a 1987 na TV Globo, e de A Praça é Nossa, desde 1987 no SBT.

Com o tempo, Casseta & Planeta, Urgente! também passou a ter seus personagens. Montanha, Carlos Massaranduba e Seu Creysson foram de grande popularidade entre crianças e adolescentes, e já demonstravam mudanças no programa. Ao mesmo tempo, o surgimento de uma nova geração de humoristas vindos da Internet, do teatro e, em particular, da stand-up comedy, ampliavam as maneiras de se fazer rir no Brasil. Mais tarde, a chegada do franchise argentino CQC e do Pânico na TV!, rendeu boas audiências na TV Band e na Rede TV!, respectivamente.

O novo Casseta & Planeta Vai Fundo reflete todas essas transformações e procura acertar uma nova forma de fazer humor, que não é tão politicamente incorreta quanto antes, e tampouco tão intelectualizada. Os clipes sertanejos apontam para os gostos de agora, onipresentes na nova classe média brasileira. A entrada da ótima atriz Miá Mello ¿ que repete sua personagem Teena, dos Legendários, rebatizada como Mona Lesa ¿, de Fábio Porchat e de Gustavo Mendes, também sinalizam os novos tempos da atração.

As estreias do canal por assinatura Comedy Central no Brasil, e da versão brasileira do veterano Saturday Night Live, na Rede TV!, demonstram que a comédia continua a ser o segmento mais dinâmico da televisão. Muita coisa ainda deve acontecer nos próximos anos, com o surgimento de novos artistas e programas. Em tempo: Gusttavo Lima na onanista Amor de Mão demonstra que, apesar da idade, nem todo o humor do Casseta afrouxou.

POR: Mauro Trindade