sábado, 6 de agosto de 2011

ESTREIA-Tarcísio Meira volta ao cinema com 'Não se Preocupe Nada Vai Dar Certo' (GIRO CULT)


No conjunto de filmes dirigidos por Hugo Carvana, a figura do malandro tem um papel central, um papel carinhoso, na verdade. Desde sua estreia em 1973, com 'Vai Trabalhar Vagabundo', até o mais recente 'Casa da Mãe Joana', o diretor teceu um painel de tipos da sociedade brasileira - especialmente a carioca, incluindo também artistas e boêmios ('Bar Esperança', 1982).
Não é de se surpreender que, em seu mais recente longa, 'Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo', os protagonistas sejam uma dupla de atores, pai e filho, que ganham a vida excursionando pelo Brasil, e engordam o salário com pequenos golpes do patriarca.

Tarcisio Meira e Gregório Duvivier interpretam essa dupla que, no começo do filme, mambemba pelo Nordeste brasileiro, apresentando-se, muitas vezes, em teatros improvisados. Ramon (Meira), o pai, é o irresponsável que coloca o filho, Lalau (Duvivier), em frias. Este, por sua vez, parece ser um comediante de talento, cuja vida está presa aos golpes do pai.

Se num primeiro momento, o roteiro de Paulo Halm ('Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos') concentra-se na trama cômica e na dependência mútua entre pai e filho, com o tempo, a história se transforma numa trama policialesca, envolvendo corrupção e um crime misterioso.

É uma guinada na narrativa que enfraquece o que, até então, não era muito forte, mas se sustentava aos trancos e barrancos graças à química entre Tarcísio e Duvivier. A partir de então, inconsistências e o tom de investigação de novela desviam as atenções.

Ainda no Nordeste, Lalau conhece Flora (Flávia Alessandra), jornalista e relações públicas que armou um workshop com um famoso guru indiano, no Rio. Quando este é preso, ela contrata o jovem comediante para passar-se pelo sujeito, promovendo um workshop para enganar ricos ávidos por receber lições de como enriquecer ainda mais. Entram também em cena Carol (Ângela Vieira), empresária com aspirações políticas, e seu marido, Rodolfo (Herson Capri).

A volta de Tarcísio ao cinema brasileiro, duas décadas depois de 'Boca de Ouro' (e uma refilmagem deste nos EUA em meados dos anos de 1990), merecia algo um pouco melhor.

O carisma do ator e sua presença na tela, no entanto, não são suficientes para salvar o filme de sua trama mal-resolvida. A dupla que ele faz com Duvivier é ótima, por isso mesmo, eles mereciam uma trama mais à altura de seu talento.

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