domingo, 19 de junho de 2011

'Jornal da Record News' tem boas análises (GIRO CULT)


A recente contratação de Heródoto Barbeiro para o Jornal da Record News contraria uma prática comum no telejornalismo. Antes da criação da internet, do advento de Lady Gaga e quando os dinossauros caminhavam sobre a Terra, era comum que apenas jornalistas fotogênicos pudessem chegar à televisão. Obesos e veteranos em geral não tinham espaço na tevê. Pois o ótimo Heródoto, com aquele visual de foragido de O Gabinete do Doutor Caligari, não apenas conquista um cargo como telejornalista, mas se torna o âncora do principal programa da emissora.

Talvez, para compensar o ar maduro do jornalista, ele tenha recebido como companhia de bancada a bela Thalita Oliveira. A dupla não decepciona. Apresenta as notícias com objetividade e clareza, é bem-humorada quando dá para ser e consegue, amiúde, aprofundar algumas reportagens que, por sinal, são mais extensas que em outras emissoras, o que alonga o jornal em mais de uma hora. A série investigativa a respeito do crescimento vertiginoso da fortuna de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, por exemplo, destacou-se ante o silêncio constrangedor da maioria da imprensa sobre o assunto.

De resto, o jornal - e a Record News - segue o mesmo padrão internacionais das emissoras voltadas ao jornalismo, com um fundo azul, uso e abuso de infográficos, muita imagem de arquivo para cobrir o texto dos repórteres e os âncoras em plano americano. E segue a máxima de que a boa notícia é a má notícia, com muitos vulcões, terremotos, delinquência e outras esgraças naturais e sociais. A estrutura é a mesma de quase todos os telejornais, baseada nos antecessores impressos, com escalada de notícias - a primeira página -, seguida pela política nacional, economia, política internacional, esporte e variedades, a vala comum na qual terminam matérias de cultura, moda e entretenimento.

O melhor do Jornal da Record News é a diferença. Dos ternos e tailleurs aos comentários dos apresentadores. São eles que dão contexto e sentido ao jorro de notícias despejado sobre o telespectador, que pode terminar assistindo a um desfile de moda com o mesmo interesse que a um genocídio na África subsaariana. O excesso de informação é igual a informação alguma e só a análise da notícia pode dar ao telespectador a dimensão real do que acontece no mundo. Jornal não é novela.

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