terça-feira, 12 de abril de 2011

Morde & Assopra: Marcos Pasquim deixa de lado o tipo "sem camisa" (ANTENADO)


Fazer mocinhos das sete na Globo já é quase uma constante na vida de Marcos Pasquim. Mas, na pele do fazendeiro Abner de Morde & Assopra, o ator experimenta uma novidade curiosa em seus 16 anos de carreira na TV. Esta é a primeira vez que precisa trabalhar um sotaque específico para um papel. Um fato que, sem dúvida, dificulta sua rotina. Mas, pelo discurso de Pasquim, parece ser o grande diferencial de outro protagonista em seu currículo. "Tenho trabalhado bastante essa questão principalmente porque não posso falar como os outros papéis da roça. O Abner é agrônomo, portanto mais culto, e isso precisa ficar marcado no ar", explicou. Acostumado a comédias, o ator até pensa em trabalhar em outros horários - desde 1995, quando estreou em Cara & Coroa, já marcou presença em oito novelas às 19h. Mas não se mostra nem um pouco insatisfeito com sua trajetória. "Já recebi convite para novela das oito, mas quando estava reservado para alguém. Uma hora vai pintar", desconversou.

Como foram as gravações em Marília?
Foram bem legais e me ajudaram muito na hora de construir o Abner. A primeira vez que estive lá foi em agosto. Gravamos, mas cenas sem texto, só do cafezal. Aproveitamos para conhecer algumas pessoas da região. E voltamos em janeiro, aí sim, para gravar tudo com o resto do elenco.

Você conheceu alguém em quem pudesse se inspirar para fazer o Abner?
Sim. Existe um homem lá que tem várias características comuns às dele. Procurei conhecê-lo, entender o estilo de vida que se leva naquele local. Conversei também com o dono da fazenda onde gravamos. Foi fundamental estabelecer esse contato com o povo e, principalmente, com aquele universo.

Como vão ficar as gravações no interior? Vocês devem ficar indo e vindo ou todas as cenas a partir de agora passam a ser gravadas no Rio?
Vamos, com certeza, voltar mais uma vez para gravar em Marília. É que as externas do cafezal têm de ser feitas lá mesmo. Já o resto da fazenda a gente grava aqui no Rio de Janeiro mesmo, em Itaguaí. Seria muito legal se desse tempo para gravar sempre em Marília, mas por uma questão de logística, não tem como.

O Abner, assim como alguns personagens da sua carreira, é um mocinho bronco. Foi complicado trabalhar essa composição?
Ele é rusticão, acho que o mais bronco que já fiz em toda a minha carreira. Mas o que me deixou muito motivado nesse papel foi a possibilidade de interpretar um personagem com sotaque. É a primeira vez que passo por essa experiência. E é bem difícil, estou trabalhando essa parte com a Íris (Gomes da Costa, preparadora do elenco de Morde & Assopra). Ainda mais porque o meu jeito de falar na trama não é tão carregado quanto o dos outros personagens da roça. Tem algumas palavras que falamos diferente. O Abner não diz "véio" quando quer dizer "velho". Ele pronuncia o "lh". Enquanto os caipiras falam "ocês", minhas cenas são com "vocês" ou então "cês". Marcamos bem essas diferenças porque o Abner é um agrônomo, saiu de Preciosa para estudar.

Em sua última novela, Caras & Bocas, você contracenava bastante com um macaco. Dessa vez, divide algumas cenas com um cão e uma minivaca. Atuar com animais dificulta seu trabalho?
Não chega a dificultar, mas tem diferenças claras. Particularmente, acho bem bacana. O público gosta de ver essas cenas. Muitos telespectadores se encantaram com a macaca em Caras & Bocas e acho que a vaquinha vai chamar a atenção também. Mas é diferente da macaca, que contracenava com o elenco mesmo. Cachorro é treinado, a gente dá uma ordem e ele faz. Me dou bem com bichos e acho que eles acabam se dando bem comigo também.

Ao longo de sua carreira, você acumula inúmeros papéis em novelas das sete. Não gostaria de ser lembrado para outras faixas de horário?
Essa trajetória marca, na verdade, uma coincidência. Mas já tive convites para novelas das oito, só que estava reservado para a faixa das sete e não dava para aceitar. Acho que uma vantagem que eu tenho é não ter feito trabalhos apenas com um autor. Fiz Cara & Coroa, que era do Antônio Calmon; A Lua Me Disse, escrita pelo Miguel Falabella; Caras & Bocas e Morde & Assopra, do Walcyr, e mais quatro com o Carlos Lombardi. Nessa faixa, experimentei quatro estilos distintos e isso foi muito proveitoso. Mais do que horário, importa o papel que você recebe. É claro que quero fazer novela das oito, por exemplo, mas estou feliz com o que conquistei até hoje.

A faixa das 19h é sempre recheada de situações cômicas. Você prefere esse gênero?
Foi acontecendo na minha vida. Meu apelido Pasquim vem, inclusive, do jornal O Pasquim. Quando eu era moleque, as pessoas riam muito comigo. Na verdade, quando me tornei ator, minha primeira peça de teatro foi Blue Jeans, um drama, mas sempre gostei de fazer comédia. Na TV, o personagem mais dramático que eu já fiz foi em Chiquititas. Eu chorava todos os dias! Mas a comédia tem uma vantagem que é muito bacana: engloba diversos tons de interpretação juntos. Não é o tempo inteiro fazendo graça. Tem romance, que já dá uma quebrada. E também pitadas de drama. O Abner é viúvo, cria a filha sem a esposa. A comédia brasileira normalmente não fica em cima só do humor, dá a oportunidade de fazer quase todos os estilos.

Morde & Assopra é uma novela com cenas de ação. Você se sente mais à vontade em histórias assim?
Olha, pelo menos no caso do meu personagem, acho que faço muitas cenas movimentadas. Mas em função de todas as novelas que já fiz antes, eu não chamaria exatamente de ação. Acho legal porque são sequências que trazem agilidade para a história, mas não quer dizer que eu prefira isso ou aquilo. Mas uma coisa é verdade: tem algumas difíceis! A gente grava em uma pedreira muito quente. A equipe fica em cima de uma montanha de pedra. Já tivemos de parar os trabalhos porque todo mundo estava derretendo, suando demais. Era uma sensação térmica de uns 55º! A Adriana Esteves pode falar sobre isso também. Fazer as cenas da Júlia não é nada fácil.

Essa é a terceira vez que você contracena com ela. Isso ajuda na hora das sequências românticas?
É uma delícia trabalhar com ela porque além da gente já ter criado uma amizade, a Adriana é uma grande atriz, que joga a bola tão redondinha para quem está em cena com ela que fica difícil dar algo errado. É muito fácil trabalhar com uma pessoa assim.

Morde & Assopra - Globo - Segunda a sábado, às 19h20.
por:Márcio Maio

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