domingo, 17 de abril de 2011

Luxemburgo defende a legalização das drogas, os gays e o consumo consciente de bebidas (ULTIMAS NOTICIAS)


Vanderlei Luxemburgo está de bem com a vida. Depois de 15 anos rodando pelo Brasil e pelo mundo, está de volta ao seu Rio, ao seu Flamengo, onde após duas passagens (91 e 95) sem boas lembranças, conseguiu livrar o time do rebaixamento, no ano passado, e agora curte uma confortável invencibilidade nas últimas 21 partidas.

Nesta entrevista, crua, absolutamente na íntegra, sem cortes, o técnico do Flamengo solta o verbo sobre a chacina de Realengo, o excesso de palavrões, homossexualismo, bebidas alcoólicas, defende a legalização das drogas e fala até sobre futebol.

VANDERLEI LUXEMBURGO: No Rio é Vanderlei. Vandeco é para o íntimos, e Luxemburgo ou Luxa é em São Paulo. Lá, sempre foi Luxemburgo, mas como o nome é grande para caber na manchete do jornal, virou Luxa. Tá vendo como eu sei? Aí, todo mundo me chama de Luxa. Mas você escolhe.

Então vamos de Vanderlei porque estamos no Rio e eu não sou íntimo de você para te chamar de Vandeco (risos). E já que estamos no Rio e você gosta de carnaval, uma das sensações deste ano foi a Unidos da Tijuca, que teve enredo sobre medo. Você tem medo de quê?

VL: Medo? Não tenho medo de porra nenhuma, rapaz. E eu lá sou homem de ter medo?

: De nada? Não é possível! Eu tenho medo de cachorro.

VL: Medo? Se eu disser que tenho medo de barata você, vai rir para caralho. Mas nem sei se é medo. É nojo. Medo eu não tenho de porra nenhuma.

: Esqueci de dizer uma coisa antes de a gente começar: não tem como eu fazer uma entrevista com você e cortar os palavrões. Tudo bem, né?

VL: (risos) Claro. O caralho é o que mais me acompanha. Eu falo palavrão mesmo, mas não sou mal educado. Eu falo palavrão porque não existe futebol sem palavrão, mas isso não quer dizer que eu esteja ofendendo alguém. Quem reclama disso é quem tem implicância comigo. Não tem como eu pedir "por favor" à beira do campo. Vocês colocam aqueles microfones na beira do campo e isso só polui a transmissão, não informa nada. Se o bandeira erra um impedimento, eu posso gritar "porra, caralho, filha da puta, estava impedido", mas não quero ofender o cara, nem a mãe do cara. É a linguagem do futebol. Aquilo só serve para a gente pegar um gancho no Tribunal.

Apesar de ter ficado muito tempo em São Paulo, seu jeitão carioca permaneceu intacto. Conservou gírias, palavrões, hábitos, samba no pé e uma religiosidade curiosa. Você é católico, mas tem irmã que é mãe-de-santo e se consulta com o babalorixá Robério de Ogum. Que mistureba é essa?

VL: E minha mãe era mãe-de-santo e minhas filhas são evangélicas (risos)! Mas eu não faço nada disso, não mexo com essas coisas. Gosto da Igreja Católica, da macumba, como quase todo brasileiro. Mas não frequento muito. Sou amigo do Robério e tenho uma irmã que mexe com isso. E eles, como amigos, fazem trabalhos para me ajudar, mas fazem porque querem, porque são amigos. Eu não peço nada.

Mas o Robério ficou dois meses no Rio, no ano passado, fazendo “trabalho” para o Flamengo escapar do rebaixamento porque você pediu.

VL: Eu não pedi. Ele está sempre no Rio e fez porque é meu amigo.

Quero ver se você vai pipocar agora. Todo mundo pipoca nesse tema: homossexualismo. Tem muito gay no futebol?

VL: (risos) Muitos, né? Claro que tem. E não só no futebol, mas em tudo que é lugar. No futebol, na imprensa, o que não falta é homossexual (risos).

Você já jogou com algum?

VL: Eu?? hahahaha. Claro que já. Mas nunca vou dizer o nome. Jamais. Xiii, essa resposta vai fazer nego aqui dentro pegar no meu pé até eu contar quem era, como era... (risos).

E já treinou algum?

VL: Humm, acho que não. Não me lembro (pausa). Ah, teve o Emerson, que foi meu goleiro aqui no Flamengo (1995). Mas eu não sabia que ele era gay, só fui saber anos depois quando ele confessou que era.

E você admitiria se o clube contratasse um homossexual talentoso?

VL: Claro. Não vejo problema algum.

Se o Flamengo contratasse o... ah, vou pular essa.

VL: É, pula (risos).

E o que você achou do Michael, do Vôlei Futuro, que "saiu do armário" na semana passada?

VL: Acho que ele fez certo. Ninguém tem nada a ver com a opção sexual do cara.

Então vamos animar a conversa. Você está de volta ao Rio, onde muito se fala em tráfico de drogas. Qual sua posição? É a favor da legalização?

VL: Eu sou! (enfático). Droga tem em tudo o que é lugar, e sempre vai ter. Eu nunca usei, nunca nem vi cocaína, por exemplo. E ainda acho uma covardia o que fizeram com o Maradona. Cocaína não melhora o desempenho atlético de ninguém, muito pelo contrário. O viciado precisa de tratamento, não de punição. E quanto ao cidadão comum, acho um absurdo a proibição. Quanto mais proibir, pior. Tem que fazer como em vários países europeus, criar locais específicos para o cara usar a droga dele. Fora dali, não. Mas ali? Se o cara quer fumar, cheirar, o que eu tenho a ver com isso? O que tem de gente por aí que usa droga...

E em relação às armas? O caso de Realengo trouxe a discussão de volta à pauta? Você tem ou já teve armas?

VL: Não. E acho que o que houve em Realengo foi um fato isolado. A discussão em torno desta questão tem de ser mais abrangente, não apenas fazer outro referendo.
por:Caio Barbosa

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