Remakes de novelas, sempre mexem com a cabeça do publico (CURIOSO)

A onda dos remekes chega com tudo na atualidade. Brevemente estaremos grudados na TV assistindo a mais uma adaptação de um clássico da TV brasileira, se trata de “Guerra dos Sexos”. A novela de Sílvio de Abreu, exibida entre 1983/1984, foi outro fenômeno de audiência e inovou no gênero comédia, dando início as chamadas comédias pastelão exibidas às 19h na Rede Globo. A expectativa maior do remake de “Guerra dos Sexos” é de quem fará os famosos personagens charlô e Otavio, respectivamente interpretados por Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Minha dica vai para Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, pois tem uma química perfeita, poderiam viver muito bem estes personagens, conquistariam a simpatia do publico e, ainda por cima, voltariam em grande estilo a fazer novelas, além da Fernanda Torres também ser homenageada com um papel marcante da mãe Fernanda Montenegro. Na minha opinião, Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães são os perfeitos Charlô e Otávio do remake de “Guerra dos Sexos” e ponto final! Imaginem eles refazendo a antológica cena do café da manhã? Seria perfeito! Outra grande expectativa é que, assim como “Ti Ti Ti”, a readaptação de “Guerra dos Sexos” também traga um elenco de peso. É certa a direção de Jorge Fernando para alegria geral da nação! O diretor voltará a dirigir novelas de Sílvio de Abreu e o próprio autor também será o responsável por reescrever “Guerra dos Sexos”, que está prevista para estrear no primeiro semestre de 2012, às 19h na Rede Globo. Que a readaptação de “Ti Ti Ti” é o grande sucesso da Globo e a melhor novela do momento, isto já é fato! O mais incrível nisto tudo é que a novela é uma adaptação dos originais “Ti Ti Ti de 1985/1986” e “Plumas & Paetês de 1980”, novelas do saudoso autor Cassiano Gabus Mendes, que escreveu grandes clássicos para a Rede Globo e volta com tudo na época atual. Maria Adelaide Amaral, conseguiu alcançar êxito supremo na junção das duas novelas, transformando a “Ti Ti Ti” atual num fenômeno de audiência com números surpreendentes numa época onde muitos trocam a TV aberta, pela TV a cabo e internet. É por essas e outras que Maria Adelaide Amaral, Jorge Fernando e grande elenco estão dando um verdadeiro show através de “Ti Ti Ti”, conseguindo melhorar ainda mais uma história de grande sucesso. Mais surpreendente ainda, é que uma historia já contada anos atrás, volta com força total na época atual, reconquistando um público antigo e conquistando e se identificando ainda mais com o público da nova geração. Claro, que a autora fez uma excelente adaptação de texto, incluiu novos personagens, tecnologia atual entre outros assuntos da atualidade, principalmente moda e internet, como o famoso blog da misteriosa Beatrice M, que pertence a esperta e antenada Mabi(Clara Tiezzi). A novela ainda por cima, vem com a perfeita direção de Jorge Fernando. Claudia Raia está dando um show à parte através de sua personagem Jaqueline Maldonado, muitas vezes roubando cenas e divertindo o publico com seu perfil pra lá de autentico, hilário e descontraído. A química entre Jaqueline e Jacques Leclair(Alexandre Borges) está tão perfeita, que será difícil a Clotilde(Juliana Alves) fisgar de vez o coração do estilista. O curioso é que no original de 1985, o publico torcia mais para que Jacques Leclair(Reginaldo Faria) ficasse com Clotilde(Tania Alves), pois Jacqueline(Sandra Bréa) era bem recatada, bem diferente da atual Jacqueline, vivida por Claudia Raia, que é um turbilhão de simpatia. “Ti Ti Ti” é um autentico encontro de veteranos e experientes atores com outros talentosos atores da nova geração. Podemos citar alguns entre a lista enorme: Christiane Torloni, Alexandre Borges, Murilo Benício, Claudia Raia, Dira Paes, Nicette Bruno, Mauro Mendonça, Elizangela, Mila Moreira, Malu Mader, Isis Valverde, Humberto Carrão, Sophie Charlotte, Caio Castro, Fernanda Souza, Giulia Gam, Tato Gabus Mendes, Mayana Neiva, Carolina Oliveira, Guilhermina Guinle, André Arteche e tantos e tantos outros. Um ponto importantíssimo na “Ti Ti Ti” atual é que a novela vem com personagens homossexuais que não existiam na primeira versão. Daí me pergunto: como “Ti Ti Ti de 1985” foi uma novela de moda, sem ter ao menos um personagem gay, tão essencial e comum no meio da moda? Pode ser explicável se compararmos o ano de 1985, quando o preconceito prevalecia na TV, com a época atual, que fala mais abertamente da homossexualidade e melhor: fala também com muito respeito e é com respeito e propriedade que Maria Adelaide Amaral escreve para os personagens Julinho, tão bem vivido por André Arteche e Adriano Novaes(Rafael Zulu). A autora traz um texto comovente, romântico, divertido e empolgante para os personagens gays, sem os transformar em caricatos e os aproximando mais de nossa realidade, além de conquistar a admiração do publico. Outra expectativa é a de que surja um casal de lésbicas na novela como o provável romance de Lourdes(Maria Carol) com a amiga Paula(Viviane Netto). A pergunta que não quer calar é: onde estão as novelas atuais que não conseguem tanto êxito assim como alguns remakes? É nesta hora que lembramos da famosa frase do célebre Abelardo Barbosa: Na TV nada se cria, tudo se copia! Será que o melhor a fazer é refazer? Os remakes e adaptações sempre são sinônimos de sucesso, sim ou não? Vale lembrar que adaptações como “Ciranda de Pedra (2008)”, “Irmãos Coragem (1995)” e “Selva de Pedra (1986)”, ao contrario dos originais, não fizeram sucesso. Ao mesmo tempo temos os remakes de “Anjo Mau (1997/1998)”, “A Viagem (1994)”, “Mulheres de Areia (1993)” e “A Gata Comeu (1985)”, que viraram fenômenos de audiência e são desejados até hoje pelo publico saudosista, além de causar curiosidade no publico atual. Também vale ressaltar os remakes de obras da autora consagrada Ivani Ribeiro, que em vida, adaptou suas próprias tramas produzidas pela TV Tupi na década de 1970, para a Rede Globo. Ivani Ribeiro sempre fez questão de ser o mais fiel possível nas adaptações de suas novelas comparadas aos originais de suas próprias obras, facilitando assim, o entendimento e entrosamento do publico saudosista com a trama. Fato semelhante acontece com Benedito Ruy Barbosa, que adaptou suas obras de sucesso como “Paraíso, Sinhá Moça e Cabocla”, conseguindo êxito também com seus remakes, alguns deles, responsáveis por trazer de volta a audiência prejudicada por tramas de menos êxitos. O autor já tem planos de adaptar a novela “Meu Pedacinho de Chão”, juntamente com as filhas Edmara e Edilene Barbosa, para o segundo semestre de 2011. Mas vale lembrar também, Maria Adelaide Amaral, baseada em Cassiano Gabus Mendes, que perfeitamente transformou o remake de Anjo Mau em outro grande sucesso da TV, do mesmo modo que está sendo com “Ti Ti Ti”. Maria Adelaide Amaral, já havia escrito a novela “Meu Bem, Meu Mal (1990/1991)”, com Cassiano Gabus Mendes em vida, conhece a técnica do consagrado e saudoso autor, talvez isto facilite o entrosamento com as adaptações dos textos do autor, sempre os transformando em sucessos da atualidade; mesmo assim, vale destacar a perfeita experiência de Maria Adelaide Amaral, pois sem ela, nada aconteceria. Em “Ti Ti Ti”, a autora faz suas adaptações, com grandes transformações mas sem comprometer a essência do original, conseguindo assim, grande êxito em sua obra e nos presenteando com uma deliciosa trama das 19h, do jeito que sempre desejamos ver! Quem sabe seja esta a formula certa do sucesso de um remake: inovar sem prejudicar a originalidade. Assim como Maria Adelaide Amaral está fazendo com “Ti Ti Ti”, que nada mais é que a fusão de duas novelas de Cassiano Gabus Mendes, a autora Ivani Ribeiro também juntou duas novelas de grande sucesso, para readaptar “Mulheres de Areia” em 1993. Foram às novelas “Mulheres de Areia de 1973 e O Espantalho de 1977 que deram origem ao remake de “Mulheres de Areia” na Rede Globo. Agora quer ver remake de novela pé quente? Então convide Glória Pires ou Christiane Torloni para atuar! Quer saber por quê? Videm: A Gata Comeu, Mulheres de Areia, Anjo Mau, A Viagem e Ti Ti Ti. Walcyr Carrasco chegou a adaptar duas obras de Ivani Ribeiro para a Rede Globo, foi “A Indomável de 1965 produzida pela TV Excelsior, que virou “O Cravo e a Rosa” em 2000 e “As Minas de Prata” de 1966 que virou “A Padroeira”. “A Indomável” também teve uma segunda adaptação em 1975, se chamando “O Machão”, com produção da TV Tupi. “O Profeta” em 2006, foi uma adaptação realizada por Thelma Guedes e Duca Rachid de “O Profeta” escrita por Ivani Ribeiro e exibida pela TV Tupi em 1977. Nesta versão atual, as autoras realizaram grandes mudanças na trama, a maior delas foi em relação ao ano em que a historia se passava, pois na versão original, a novela era ambientada na época atual, ou seja, 1977; enquanto na adaptação, Thelma Guedes e Duca Rachid optaram por transformar o folhetim numa novela de época, passada na década de 1950. O remake de “O Profeta” teve uma boa audiência e agradou ao publico. Será mesmo que sucessivos remakes de novelas são reflexos de uma carência de criatividade dos veteranos autores? Será que a TV brasileira não está investindo adequadamente em autores da nova geração que poderão trazer novas idéias, uma nova linguagem na TV e consequentemente uma conquista maior de um publico que anda migrando para a TV a cabo e internet? Será que adaptar uma velha história é mais rentável que criar uma nova história? O que o publico deseja ver? Por que um determinado remake faz mais sucesso que uma nova história? Levamos em conta que uma boa história, com um elenco, direção e produção que faça jus, é fundamental para uma boa audiência, independente que seja remake ou não. Importante também saber que uma adaptação de uma novela de sucesso, precisa de um autor maduro o suficiente para entender a linguagem do telespectador na época atual, pois é para o publico e a mídia que a novela está sendo produzida. O incrível é perceber que remake não se trata de assunto da atualidade, pois nas pesquisas, sempre encontramos remotas novelas que foram readaptadas para outras épocas. Os remakes das novelas que citei aqui, são apenas alguns dos já realizados e os que fizeram mais sucesso na TV, mas a lista não se resume apenas nestes citados, pois se trata de uma lista bem maior; sem contar com os que ainda estão por vir.