domingo, 27 de julho de 2014

PAI HERÓI (BASTIDORES)


RETORNE AO MENU PRINCIPAL

RETORNE AO MENU PRINCIPAL

Das fantásticas poções da maga Janete Clair, nasceram dois personagens que invadiram feitos posseiros o coração do telespectador brasileiro: André Cajarana (Tony Ramos) e Carina Brandão (Elizabeth Savalla). Ele pobre; ela rica. Ele anônimo; ela famosa. Ele solteiro; ela casada. Ele quase assaltante; ela quase suicida. Ele que a amou; ela que o amou. Eles que se casaram; eles que se separaram. Ela quase assassinada; ele quase condenado. Mas, da união dos dois, a salvação: o filho Igor – ele que se formou entre ambos (forte o bastante para reuni-los novamente?) – tudo isto é “Pai Herói”, mais uma trama recordista de audiência de Janete Clair.

Tony Ramos e Elizabeth Savalla eram protagonistas de “Pai Herói”, depois do sucesso do casal Márcio e Lili na telenovela anterior de Janete, “O Astro”, exibida no ano anterior
Em 1958, a Rádio Nacional apresentou a história de Pai Herói com o título de Um Estranho na Terra de Ninguém. A trama teve que ser atualizada às pressas por Janete Clair em 1979. Pai Herói substituiu a história que Lauro César Muniz estava escrevendo, na época, depois que ele precisou se afastar por problemas de saúde.

Para interpretar a bailarina Carina Brandão, Elizabeth Savala emagreceu e chegou a pesar 48 kg. A atriz teve aulas com a professora Eugênia Feodorova para aprender os principais passos de dança clássica. Dois bailarinos franceses da Ópera de Paris, Attilio Labis e Françoise Legreé, foram convidados a participar das encenações dos espetáculos Lago dos Cisnes e Gisele, montados especialmente para a novela.

Para acompanhar a recuperação de Carina após o acidente, o Dr. Carlos Bernardo M. de Carvalho prestou consultoria à equipe da novela, cedendo radiografias e orientando o elenco sobre procedimentos médicos.

Ana foi o nome de maior incidência nos registros de nascimento do estado do Belém do Pará em 1979, época da exibição de “Pai Herói”. Pesquisas da Globo constataram o fato e os próprios cartórios informaram que isto era reflexo de Ana Preta, personagem vivida por Glória Menezes na novela de Janete Clair. Carina e André, personagens de Elizabeth Savalla e Tony Ramos, também foram nomes frequentes naquele ano.

Janete Clair, escreveu a personagem Ana Preta para a atriz Eva Wilma, mas clausulas contratuais com a Rede Tupi, impediram ela de transferir-se para Rede Globo. Glória Menezes, então, interpretou a personagem. Sendo assim, apesar de ser um dos grandes ícones da TV e arte brasileira, Eva Wilma nunca chegou a fazer uma novela de Janete Clair. A atriz já consagrada por ser estrela da Tupi, só chegou na Globo em 1980, para viver Rebeca em “Plumas & Paetês”, novela de Cassiano Gabus Mendes (autor com quem já havia trabalhado na década de 1960 também na Tupi). Janete Clair viria a falecer em 1983, durante sua novela “Eu Prometo”, protagonizada por Francisco Cuoco e com Glória Perez como colaboradora.

Carlos Zara estreava na Globo através da novela “Pai Herói”. O ator já era famoso e consagrado por grandes papeis na Rede Tupi de Televisão, como nas novelas Mulheres de Areia (versão de 1973), A Barba Azul (novela de 1974 que originou “A Gata Comeu” na Globo, em 1985), entre muitas outras novelas.

Pela vontade de Janete Clair, André e Ana Preta terminariam a novela juntos, quanto a Carina, terminaria sozinha por causa do gênio tempestuoso. Esta ideia surgiu antes da autora receber milhares de cartas, telefonemas e bilhetes do público que queriam um final feliz para Carina junto de André Cajarana. Não faltaram sequer extensos abaixo-assinados pedindo justiça para o jovem e romântico, não menos complicado casal. E Janete, escritora sensível e, não por acaso, colecionadora de grandes sucessos na Globo. Não ousou contrariar seu público cativo. Assim, mesmo a contragosto, resolveu unir o casal, definitivamente, para a alegria do telespectador.

“Elizabete Savalla e Tony Ramos são artistas lindos e fazem um bonito par, por isso, envolvem o público. Fez a sua história. Mas eu segui o desejo da maioria, para não decepcioná-la. Afinal, Pai Herói teve muito envolvimento e receptividade” – comentou Janete Clair na época.

Janete contou também que tinha boas razões para terminar a novela de forma diferente, levada principalmente pela personalidade de cada uma das personagens:

“André é um homem um tanto frágil. Um rapaz que foi criado sem mãe. De repente, encontrou a figura materna na própria Ana Preta, além de enxergar nela a amante e a companheira. Já Carina é uma mulher tumultuada, cheias de problemas, carente e necessitada de um homem forte. Por isso mesmo a ideia original era unir André e Ana, que seria o grande amor de sua vida. Mas mudei porque não é assim que o público gosta. Meu público é o povão!” – revelou Janete Clair.

E no seu melhor estilo romântico, Janete Clair conseguiu atingir em cheio o alvo. Ou seja, os milhares de brasileiros que seguiram atentamente os passos de André e Carina, sofrendo e se emocionando com “Pai Herói”.

“Pai Herói” foi a primeira novela de Jorge Fernando, que viveu Cirilo Baldaracci, um dos filhos de Bruno e Gilda Baldaracci.

Fernando Eiras e Nádia Lippi em "Pai Herói"
Frequente em novelas daquela época, "Pai Herói" foi a segunda novela de Nádia Lippi na Globo. Sua primeira novela na emissora carioca foi "Pecado Rasgado", de Silvio de Abreu, entre os anos de 1978/79, emendando uma novela na outra!

Mas a atriz já tinha uma vasta carreira através das novelas da Tupi e Record. A grande maioria foram na Tupi. Entre tantas, uma das mais famosas da Tupi que Nádia Lippi atuou foi "A Barba Azul", de Iavani Ribeiro em 1974, vivendo a personagem Babi. Onze anos mais tarde, Babi foi interpretada por Mayara Magri, em "A Gata Comeu", remake de "A Barba Azul", produzido e exibido pela Globo.

Na Globo, Nádia Lippi ainda atuaria nas novelas Chega Mais (1980), As Três Marias (1980/81) e Brilhante (1981/82).

Assim como Nádia Lippi, "Pai Herói" foi a segunda novela de Fernando Eiras na Globo. Mas ao contrário da atriz, Eiras estreou na Globo através de "Sinal de Alerta", novela de Dias Gomes, exibida às 22h em 1978.

Nádia Lippi, Fernando Eiras, Jorge Fernando, entre outros da mesma idade em "Pai Herói, fizeram muito sucesso entre o público, encabeçando o elenco jovem da Globo, naquela época. Outros que seguiam a mesma linha na fama foram Glória Pires, Lauro Corona, Lídia Brondi, Fábio Jr, Kadu Moliterno, entre muitos outros.

“Pai Herói” foi a primeira novela de Regina Dourado, que viveu Nancy, uma retirante nordestina, precisamente da Bahia, que trabalhava no cabaré Flor de Lys, de Ana Preta (Glória Menezes).

O vilão Bruno Baldaracci, interpretado por Paulo Autran, conquistou a simpatia do público, apesar das maldades do personagem. “Pai Herói” marcou a estreia do ator em novelas, apesar de já ser uma sumidade no teatro brasileiro. Depois de muitos convites, finalmente o ator aceitou participar de uma produção do gênero e deu vida ao italiano mafioso de forma antológica. No último capítulo, tornou-se clássica a cena da fuga de Baldaracci, fantasiado de pierrô num helicóptero. O personagem havia sido pensado inicialmente para o ator Jardel Filho.

O saudoso Paulo Gracindo fez uma participação especial em "Pai Herói", vivendo o advogado de defesa de André (Tony Ramos), que foi a julgamento pelo suposto assassinato de Carina (Elizabeth Savalla).

Pai Herói teve cenas gravadas nos municípios de Maricá, Nilópolis e São José do Vale do Rio Preto (RJ) e na cidade cenográfica de Barra de Guaratiba.

Algumas cenas da novela foram gravadas em Bariloche, na Argentina. Em função da repressão que caracterizou o regime militar no país, a equipe de produção teve dificuldades para encontrar uma espingarda, utilizada na gravação da cena em que Carina é ferida.

Os figurinos da trama tiveram assinatura de Maria Lúcia Areal e do artista plástico Gamal Tawfik. Os dois se preocuparam em integrar as vestimentas, cores, formas e texturas dos cenários.

Os cenários de Pai Herói foram assinados por Gilberto Vigna. Todo o processo de criação foi acompanhado pela autora Janete Clair. Entre os ambientes criados estavam a casa de samba Flor de Lys, de Ana Preta, a mansão da família Baldaracci, em Nilópolis, a casa da família Limeira Brandão, no Cosme Velho, e a fazenda de Dona Januária.

Algumas locações muito utilizadas durante a novela apresentavam uma decoração especial. É o caso do apartamento de César Reis, localizado na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, endereço nobre do Rio de Janeiro. Como César era um colecionador de obras de arte, o apartamento era quase um museu, com peças raras e quadros que foram presentes de seus amigos pintores que vivem na França.

Entre os bens de Carina estava sua cobertura de luxo, situada na Avenida Delfim Moreira, no Leblon. Com vista para o mar, o apartamento tinha uma decoração refinada, de extremo bom gosto, muitas plantas e uma piscina. Além disso, Carina possuía ainda um luxuoso iate chamado Gisele e a casa de praia de Ibicuí, município próximo a Mangaratiba, no Rio de Janeiro, localizada no alto de um rochedo com vista para o mar.

Isabela Garcia, ainda criança, viveu Ângela, a filha de Carina (Elizabete Savalla), numa fase mais crescida. No início da novela, o papel foi vivido pela atriz mirim Alessandra Vasconcelos. A personagem de Isabela Garcia também era enteada de André (Tony Ramos). Mais tarde, em 1988, quase dez anos após “Pai Herói”, Isabela Garcia e Tony Ramos voltavam a se encontrar em novelas. Em “Bebê a Bordo” os atores viveram um casal romântico na comédia de Carlos Lombardi.,

Da grande família Limeira Brandão, governada pela matriarca Januária Limeira Brandão (Léila Abramo), também se destacava uma quantidade considerada de crianças, filhos dos filhos de Januária. Um fato curioso foi sobre a matéria que saiu na época, falando da atriz mirim Danielle Giari, que viveu uma das filhas do casal Haroldo (Nildo Parente) e Jussara (Suszana Faini). O pai de Danillle, Ariel Giari, saiu numa manchete de uma revista da época, falando do orgulho de ter a filha atuando na novela de Janete Clair, fenômeno de sucesso. A matéria ainda comparou Ariel a um “Pai Herói”.

O título provisório da novela era André de La Mancha; depois, passou a ser André Cajarana, até chegar ao definitivo Pai Herói.

Em 1983, Lélia Abramo e Elizabeth Savala repetiram a dobradinha como avó e neta interpretando Mamma Vittoria e Bruna na novela Pão Pão, Beijo Beijo, de Walther Negrão.

Em 1985, a extinta Editora Rio Gráfica, posteriormente chamada de Editora Globo, lançou algumas novelas em livros, e "Pai Herói" foi uma delas. A editora e o sabão em pó OMO, também fizeram uma promoção: quem comprasse o produto, levaria um exemplar.

Outras novelas lançadas em livro, na época, foram Irmãos Coragem, O Bem Amado, Carinhoso, Escalada, Pecado Capital, Anjo Mau, Locomotivas, Dancin' Days, Marron Glacé, Água Viva e Louco Amor.

Entre 1987/88, a já Editora Globo relançou a coleção com mais três novidades: Guerra dos Sexos, Roque Santeiro e Roda de Fogo.

A última edição foi em 2007, trazendo a novela Vale Tudo em livro.

No Dia dos Pais de 1979, foram distribuídos quebra-cabeças semelhantes ao que era montado na abertura da telenovela, em shopping centers das grandes cidades brasileiras.

Pai Herói foi vendida para Argentina, Estados Unidos, Itália, Panamá e Portugal, entre outros países.

A emissora apresentou em 1980, no "Festival 15 Anos", um compacto da trama de Pai Herói, com duração de uma hora e meia, apresentado por Jonas Bloch. Foi a única reprise da telenovela, um fato curioso devido ao seu grande sucesso.

Em 17 de outubro de 2016, "Pai Herói" começou a ser reprisada pelo canal pago, Viva. 37 anos após a exibição original pela Globo.


PAI HERÓI (TRILHA SONORA)

AGORA VEJA PAI HERÓI (TRILHA SONORA)

RETORNE AO MENU PRINCIPAL
RETORNE AO MENU PRINCIPAL

Nenhum comentário :