Maria Adelaide Amaral mais uma vez provou seu talento e competência. Desta vez, a autora também surpreendeu o publico e critica, mostrando seu lado cômico através de “Ti Ti Ti”. A novela foi sensacional em todos os sentidos e nem de longe deve ser classificada como um remake e sim, como uma bem elaborada adaptação e reformulação da trama de Cassiano Gabus Mendes que fez sucesso em idos de 1985, assim como “Plumas & Paetés (1981)”, outra trama do autor que também fez parte no processo de adaptação da nova “Ti Ti Ti”.
A novela foi totalmente inovada e o mais incrível é que, o que seria estranho para o telespectador e a critica saudosista, terminou por não ser. “Ti Ti Ti” agradou em cheio a gregos e troianos e conquistou a todos com sua inovação, novos personagens e, principalmente uma nova roupagem aos personagens da primeira versão.
Jorge Fernando foi um diretor essencial nesta nova versão. Sua marca estava registrada através do ritmo dinâmico da novela.
Maria Adelaide Amaral falou com maestria do mundo da nova, chegando a aproveitar a São Paulo Fashion Week, grande evento de moda do Brasil. Na verdade a novela respirou o mundo da moda e não deixou a desejar neste tema que era a espinha dorsal dos originais do saudoso Cassiano Gabus Mendes.
Claudia Raia foi, sem dúvida, a grande sensação da novela. Jaqueline foi o carro chefe de “Ti Ti Ti”. Com sua irreverência, dinamismo e criatividade, a personagem trouxe alegria e descontração, mesmo nas cenas de tristeza e dificuldade. Jaqueline era uma mulher hiperativa e cheia de idéias. Uma personagem marcante e inesquecível. Ela superou vários divórcios, era amiga de bandido, já foi cantora de rock, virou freira, se casou com um gay, adorava Xuxa... e de pensar que a Jaqueline da primeira versão, vivida pela saudosa Sandra Bréa, nem de longe era igual a esta maravilhosa Jaqueline. Sem desmerecer, claro!
Alexandre Borges fez do estilista Jacques Leclair um personagem caricato, cheio de caras e bocas. Parte da crítica não aprovou esta mudança, já que o primeiro Jacques Leclair, vivido por Reginaldo Faria, não era caricato e apenas se fingia de gay para conquistar suas clientes. O certo é que o novo Jacques Leclair estava perfeito e nem de longe deixou a desejar para a interpretação de Reginaldo Faria em 1985. Alexandre Borges usou da sabedoria, transformando o personagem e o adaptando para os novos tempos.
A ex BBB Juliana Alves foi mais um destaque. Clotilde era maquiavélica e tinha domínio sobre Jacques Leclair. A atriz se superou, provocando raiva no telespectador através de seus planos e maldades. Clotilde era tão calculista, que permitiu uma aproximação maior do marido Jacques Lecliar e Jaqueline, no final da novela, na intenção de multiplicar os lucros e sempre se dar bem na vida.
A garota Mabi(Clara Tiezzi) foi outra que se destacou na trama. Uma personagem novíssima e atualizada com as novas tendências deste novo milênio. Foi com esta personagem que a novela pode atualizar ainda mais o tema central, trazendo a internet e tecnologia atual para uma história criada a mais de vinte anos. Com o pseudônimo de Beatrice M, a garota revolucionou a moda, deixando a critica e costureiros apreensivos e temerosos com seus lançamentos.
Sophia Raia, filha de Claudia Raia, também chegou no final da novela, como Laura K, a grande concorrente de Beatrice M.
O desfecho de Humberto Carrão (Luti), Maria Helena Chira (Camila) e Juliana Paiva (Val) foi bem diferente do original. A química entre as personagens Luti e Camila foi tanta que o publico preferiu que eles terminassem juntos, do contrario da primeira versão com Cássio Gabus Mendes (Luti) e Malu Mader (Val), onde eles fingiam uma tragédia tipo Romeu e Julieta, para os pais, só para terminarem juntos.
O publico que assistiu a primeira versão de “Ti Ti Ti” também esperou uma explosão de amor e ódio entre o casal Pedro (Marcos Pigosi) e Gabi (Carolina Oliveira), assim como foi com Paulo Castelli e Miryan Rios na primeira versão da novela, em 1985, que teve direito a uma inesquecível tema internacional: Lover Way- Century. Nesta versão, a autora traduziu o romance das personagens para um amor adolescente e inconsequente, sem muito apelo, já que existiram outros casais com apelo maior na história.
Os gays fizeram a cabeça do publico. A autora soube dosar bem o tema para o horário e, mais uma vez com maestria, falou dignamente sobre relação amorosa sem apelos e caricatura. A novela trouxe emoção com o personagem Julinho vivido por André Arteche. A surpresa maior foi o surfista Thales (Armando Babaioff) se vê apaixonado pelo cabeleireiro.
Gays cheios de trejeitos também estavam presentes na novela, fato fundamental no mundo da moda e que estranhamente não aconteceu na primeira versão escrita por Cassiano Gabus Mendes. Rony Pear (Otávio Reis) foi uma das grandes atrações da novela, que começou pequeno e terminou grandioso. Sua volta triunfal, ganhando o concurso de moda juntamente com Help (Betty Gofman), que também retornava de Paris, foi um dos grandes momentos finais da novela.
Sophie Charlotte superou as expectativas com suas vilanias. Stéfany cresceu muito e perseguiu muito Armandinho (Alexandre Slaviero), Jorgito (Rafael Cardoso) e a modelo Desirée (Mayana Neiva).
As cenas de Armandinho, Desirée e cia, sempre eram imperdíveis e adora pelo telespectador.
Fernanda Sousa viveu Taísa, que era uma “patricinha” no começo da novela, apaixonada pelo playboy Jorgito e filha da irreverente Jaqueline. A personagem cresceu satisfatoriamente. Sua passagem como a hipe que idolatrava a “turma da Lazinha” foi mais uma sensação da novela. Taísa foi uma personagem que derivou de Eduarda (Duda) vivida por Betty Gofman na versão original de “Ti Ti Ti”. Embora as personagens fossem muito diferentes, “a turma da Lazinha” esteve presente em ambas as versões e nunca ninguém viu como era a suposta “Lazinha”.
Inesquecível e antologica a cena do casamento de Taísa com o Dr Eduardo. Mais uma grande surpresa da novela para o telespectador jamais esquecer.
Isis Valverde, Caio Castro e Guilherme Winter formaram um triangulo amoroso com seus personagens Marcela, Edgar e Renato. A autora Maria Adelaide Amaral, mais uma vez modificava o final de uma novela de Cassiano Gabus Mendes, em relação a morte da protagonista. Em “Anjo Mau” que também foi adaptada pela autora em 1997, a babá Nice (Glória Pires) não morria no final, ao contrario da Nice (Susana Vieira) da primeira versão em 1976. Em “Plumas & Paetés”, Marcela (Elizabeth Savalla) morria num trágico acidente de automóvel no ultimo capítulo, do contrário de Marcela (Isis Valverde) desta nova versão que ainda por cima termina nos braços de Edgar. Isto prova que a autora anda junto com a preferência do publico que vibrou para um final feliz das personagens.
O batom “Boca Loka” que enlouquecia os homens na primeira versão de “Ti Ti Ti”, voltou com toda força numa roupagem nova. Desta vez, o batom se chamou “Ti Ti Ti” e também enlouqueceu os homens.
O MUNDO NOVELAS ainda deu o furo acertando quem financiava Victor Valentim. Era nada mais, nada menos que Dona Mocinha (Maria Célia Camargo).
Ainda sobram aplausos para Elizangela (Nicole), Christiane Torloni (Rebeca), Luisa (Guilhermina Guinle), Maria Célia Camargo (Dona Mocinha), Mônica Martelli (Dorinha), Dorival Carper (Ed Silveira), Rodrigo Lopez (Chico), Mauro Mendonça (Giancarlo), Rafael Zulu (Adriano), Leopoldo Pacheco (Gustavo Sampaio), Marco Ricca (Gino), Nicette Bruno (Julia), David Lucas (Lipe), Dira Paes (Marta), Marcos Frota (Massa), Hilda Rabello (Olga), Yaçanã Martins (Penha), Betty Gofman (Help), Mila Moreira (Stela Sanches), Priscila Camargo (Valdete), Tato Gabus Mendes (Breno), Giulia Gam (Bruna), Malu Mader (Suzana), Murilo Benicio (Ary/ Victor Valentim), Thaila Ayala (Amanda), Regina Braga (Cecília) e muitos outros.
Uma homenagem a Cassiano Gabus Mendes, prevaleceu do começo até o fim da novela. Muitos personagens de outras tramas do saudoso e consagrado autor, voltaram com força total: Kiki Blanche (Eva Todor em Locomotivas), Mário Fofoca (Luis Gustavo em Elas Por Elas), Divina Magda (Vera Zimmerman em Meu Bem Meu Mal).
Por ultimo, a grande surpresa com Rafaela Alvaray (Marília Pêra em Brega & Chique). Personagens de novelas de outros autores também foram citados o tempo como Claudia de “Fera Radical”, vivida por Malu Mader, a Suzana de “Ti Ti Ti”. Participações especiais complementaram a trama, entre elas: Fábio Assunção, Rodrigo Lombardi, Maria Zilda Bethelem, Nuno Leal Maia, Luiza Brunet, Debora Falabella, entre outros.
Chega a ser pecado fazer comparações da nova “Ti Ti Ti” e as versões originais de “Ti Ti Ti” e “Plumas & Paetés”. Esta “Ti Ti Ti”, foi, sem duvida, uma nova novela. Apenas a essência das antigas versões estavam presentes na trama escrita e adaptada por Maria Adelaide Amaral. O humor estava presente na maioria dos personagens do original de “Ti Ti Ti” e a autora criou outros personagens cômicos para reforçar a novela. Já “Plumas & Paetés” serviu de inspiração para os personagens dramáticos e alguns romances mais complexos. O certo é que foi sábio esta junção de ambas as tramas numa adaptação que entrou para a história da teledramaturgia brasileira. Como Jaqueline (Claudia Raia) mesmo disse: “É preciso renovar!”.
Na ultima cena, nada da eterna briga entre Victor Valentim e Jacques Leclair até ficarem velhinhos, como aconteceu no final da primeira versão. Desta vez, Victor Valentim (Murilo Benício) e Jacques Leclair (Alexandre Borges), se uniam mais uma vez com Jaqueline (Claudia Raia) numa nova sociedade. Em seguida, a novela se despede com um desfile do elenco em clima de festa, como nas antigas novelas das sete, escrita por Silvio de Abreu, dirigida por Jorge Fernando. Com certeza “Ti Ti Ti” irá deixar saudades e já é uma das mais preferidas deste novo milênio.
sexta-feira, 18 de março de 2011
TI TI TI (ULTIMO CAPÍTULO)
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Sergio Henrique Teixeira
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Um comentário :
gostaria de parabenizar a materia sobre a novela TITITI que conseguiu ser compativel ou chegar perto de alcançar o sucesso e originalidade que teve essa novela!! Uma das poucas novelas surpreendentes, alto-astral, e que não ficam ofendendo o telespectador com os fatos impossíveis de se ocorrer, querendo apelar para nossa ignorância! TITITI foi, é e será uma das lembranças positivas para o público.
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